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Viagens de Bolsonaro aos EUA e ao Chile

Por Maria Fernandez, redação do Universidade à Esquerda
25 de março, 2019 Atualizado: 22:54

Maria Fernandez – Redação UàE – 25/03/2019

Nessa semana o presidente Bolsonaro volta às articulações internas no Brasil, principalmente à retomada de negociação com o legislativo em relação a reforma da previdência, depois de uma semana de viagem internacional pelo continente com as articulações à direita, selando parcerias comercias e militares.

Viagem ao Chile

Jair Bolsonaro esteve em viagem ao Chile, primeiro país da América do Sul visitado pelo presidente, desembarcou no país na quinta-feira, 21/03 e retornou ao Brasil no último sábado, 23/03. A viagem teve o objetivo de participar de encontro entre chefes de estado da América do Sul para a criação de um Fórum que está sendo chamado de Prosul. Lideres de sete países foram recebidos pela presidente do Chile Sebastián Piñera. Participaram lideres de Argentina, Colômbia, Paraguai, Peru, enquanto Uruguai e Bolívia mandaram apenas observadores.

O objetivo do encontro foi um alinhamento de uma nova ordem política mais conservadora nos costumes e liberal na economia, em substituição ao antigo fórum da Unasul criado em 2008. Este novo modelo de integração internacional não convidou Venezuela e visa a partir de uma articulação de direita no continente isolar ainda mais Nicolás Maduro.

Bolsonaro assinou acordo na área comercial com o presidente do Chile e assinaram declaração em que rejeitam a intervenção militar na Venezuela. A viagem ao Chile provocou forte reação da população local, congresso e entidades de direitos humanos também se posicionaram contra a visita de Bolsonaro por conta dos elogios que ele teria feito ao ditador Pinochet. Líderes da oposição, inclusive não aceitaram convite de Piñera de almoço como presidente brasileiro.

Viagem aos EUA

Essa viagem internacional ao Chile ocorre após a viagem aos EUA. Bolsonaro chegou aos EUA no domingo, 17/03, por volta de 16h40, acompanhado por assessores e pelos ministros: da Economia Paulo Guedes, das Relações Exteriores Ernesto Araújo e da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, além da companhia do seu filho Eduardo Bolsonaro.

A primeira viagem oficial do presidente aos EUA, segunda viagem internacional como presidente ao exterior já que esteve antes no Fórum Econômico Mundial na Suíça, serviu para confirmar o acordo de dispensa de visto para turistas norte-americano no Brasil. Além disso, na segunda (18/03), foi assinado acordo selando a intenção de incluir o Brasil entre os países parceiros estreitos fora da OTAN, os chamados major non-Nato-Ally (MNNA) pra facilitar acesso a cooperação militar e tecnológica. Este acordo precisa passar pelo Congresso.

Outro aspecto da viagem foi a discussão do uso comercial da base de Alcântara, administrada pela Força Aérea Brasileira, no Maranhão, por empresas americanas. Que permitirá aos EUA lançar satélites do Brasil. Além destes foram abordados na viagem aspectos em relação a Venezuela, ao comércio bilateral Brasil-EUA e a segurança pública.

Ainda no domingo, em jantar, o presidente recebeu figuras conhecidas por seu perfil conservador, como: Olavo de Carvalho, Steve Bannon, ex-conselheiro de Donald Trump,  Gerald Brant, Roger Kimball, Matt Schlapp, e Walter Russell Mead.

Outra atividade na agenda do presidente foi a visita de Bolsonaro a sede da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos-CIA na segunda. Na viagem Bolsonaro ainda concedeu entrevista exclusiva ao canal FOX News.

Na terça, 19/03, último dia da viagem em Washington, o presidente encontrou o secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) pela manhã e em seguida, no início da tarde, teve encontro privado com Trump na Casa Branca e fizerem uma declaração à imprensa no Rose Garden. Bolsonaro ainda teve encontro com lideranças religiosas antes de decolar para Brasília.

Trump dos trópicos foi o apelido dado ao Bolsonaro nesta viagem. A mídia norte americana destacou as proximidades entre os dois presidentes que falam de forma tosca e usam a mesma retórica. Como repercussão da viagem de Bolsonaro aos EUA houve, no dia 21/03, o lançamento de uma carta dos democratas, entregue a Mike Pompeo, Secretário de estado norte americano, com críticas ao atual presidente brasileiro. A carta, que chama Bolsonaro de líder de extrema direita, cita suas posturas em relação aos direitos humanos, minorias e ligações do presidente e familiares com milícias. Cita o projeto de Moro que pode isentar policiais que matarem de responsabilidade. Esta foi a terceira carta de parlamentares americanos contra Bolsonaro.

As viagens de Bolsonaro dessa última semana apontam o alinhamento ideológico, mas certamente repercussões econômicas para a política na América Latina. A indicação desse alinhamento aponta para uma perspectiva acirramento nos ataques à classe trabalhadora para atender às necessidade de acumulação do capital.

 


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