Notícia
Trabalhadores assumem controle de unidade do McDonald’s na França
“Nesse estado de emergência, se não agirmos pelos nossos bairros, quem o fará?”
Kamel Guémari, o membro do sindicato da Força Ouvrière (Força do Trabalhador)
Na França, trabalhadores da região da Marselha, tomaram uma unidade do McDonald’s que estava fechada. Os trabalhadores da Saint-Barthélemy sofrem com a crise e durante a pandemia resolveram utilizar as instalações que estavam paradas para a distribuição de alimentos.
No norte de Marselha, a situação já precária de pobreza e desemprego piorou muito com a crise de saúde. Estima-se que 39% da população da região vivem abaixo da linha da pobreza e o desemprego chega a 25%. Nair Abdallah, que faz parte do coletivo Maison Blanche, declarou que as famílias estão começando a dizer que não tem mais nada para comer. Depois de alguns dias de isolamento o coletivo voltou ao bairro para ajudar a população diante da gravidade da situação.
Vários coletivos tem atuado na distribuição de caixas de comida e mesmo o serviço social tem encaminhado pessoas para estes coletivos. Foi assim que em Saint-Barthélemy, os trabalhadores apoiados por coletivos assumiram o restaurante. A unidade foi liquidada em dezembro de 2019, apesar da luta dos trabalhadores para mantê-la aberta para manter os empregos. Os alimentos recolhidos por doações são armazenados no refrigerador da unidade do McDonald’s e de lá se prepara e distribui as caixas que são entregues nas entradas dos apartamentos. São cerca de 20 voluntários se revezando por 24 horas por dia no recebimento e entrega dos alimentos.
Os trabalhadores de Saint- Barthémy assumiram o controle do seu ex-local de trabalho para atuar na mitigação dos problemas da crise que tem aumentado a miséria na região. Houve a tentativa de requisitar que a empresa cedesse legalmente o espaço ocioso, entretanto o McDonald’s se negou. A gestão da rede de fast-foods na França se opôs à ação e ainda anuncia que quer reabrir seus restaurantes pelo país colocando a vida dos trabalhadores ainda mais em risco.
Voluntários no interior da unidade do McDonal’s sob controle dos trabalhadores. Imagem de Libération.
Como afirmou o integrante do Sindicato Força do Trabalhador, Kamel Guémari, “Nesse estado de emergência, se não agirmos pelos nossos bairros, quem o fará?”. São os trabalhadores em seus locais de moradia e trabalho que conhecem a necessidade e os meios para atendê-las. Esperar pelos governos burgueses para proteger a vida do trabalhador e superar esta crise mundial será em vão, os trabalhadores precisarão exigir e tomar em suas mãos essa tarefa.