Notícia
Rede de shoppings oferece respiradores em troca de reabertura de lojas em SC
Governador enfraquece medidas de isolamento conforme andam as negociações com os setores patronais
Jaimes Almeida Júnior, CEO da administradora de shoppings centers Almeida Júnior, ofereceu 12 respiradores à Secretaria de Saúde de Santa Catarina caso o governador aceite reabrir suas lojas no Estado. A informação foi divulgada pelo Estadão após ter acesso ao e-mail enviado ao governador Carlos Moisés (PSL).
A oferta é de dois respiradores para cada shopping instalado no Estado e prevê também a instalação de tendas no estacionamento dos shoppings para realizar testes de Covid-19. A rede está instalada em cinco cidades: São José, Criciúma, Balneário Camboriú, Blumenau e Joinville.
A proposta está em análise no Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes), que neste final de semana autorizou a reabertura de alguns trabalhos não essenciais. A nova portaria foi divulgada no domingo (5).
A ALMEIDA JÚNIOR na batalha contra o COVID 19 se propõe a contribuir com a Secretaria da Saúde de SC em São José, Criciúma, Balneário Camboriú, Blumenau e Joinville:
a) – em todos nossos shoppings espaços para VACINAÇÃO e EXAMES DE COVID 19 no modelo que convier à Secretaria da Saúde e no tempo que necessitar;
b) – doação à Saúde Pública do Estado de dois respiradores por shopping, por cidade, no primeiro mês de abertura dos shoppings – 12 RESPIRADORES.
MODUS OPERANDI DO ESTADO
A proposta com claro cunho de chantagem surpreende, mas não deveria, pois faz parte da lógica de funcionamento do Estado. Em meio à crise econômica catalizada pela pandemia do coronavírus, essa relação entre estado e entidades patronais ficou apenas mais nítida.
Logo no começo da pandemia no estado catarinense, foi criado um Comitê de Gestão da Crise composto pela administração pública e entidades patronais dos setores de serviço, comércio e indústria. Pesquisadores, cientistas, setores dos trabalhadores informais, pequenos comerciantes e demais ramos entre os trabalhadores não foram chamados.
Mesmo com o aumento exponencial de casos confirmados e mortes no estado, o governo segue flexibilizando as medidas de isolamento. À beira de entrar na fase de aceleração descontrolada da transmissão do vírus e sem estrutura hospitalar adequada e kits de testes suficientes, o isolamento social é uma das poucas medidas capazes de deter a propagação do vírus e reduzir os danos causados pela Covid-19.
O UàE divulgou, no dia 26 de março, ofício enviado ao governador por mais de 50 entidades patronais em que pedem a redução do isolamento.
No documento, os setores burgueses chegam a exigir “Campanhas publicitárias de conscientização sobre a necessidade de retomada econômica e de minimização do medo de sair de casa incutido na população pelo momento pandêmico atual, proporcionando que as populações de baixo risco voltem a circular e viver suas vidas de maneira mais próxima do normal.”
Naquela semana o governo havia anunciado retomada de atividades não essenciais, mas voltou atrás após rejeição social generalizada. Nesta semana, porém, o Estado voltou a flexibilizar as medidas.
Veja a íntegra do e-mail da Almeida Júnior Shopping Centers ao governo do Estado: