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Contra reforma previdenciária, trabalhadores do transporte de Paris paralisam a cidade

Por Morgana Martins, redação do Universidade à Esquerda
13 de setembro, 2019 Atualizado: 18:35

Os sindicatos da “Régie Autonome des Transports Parisiens” (RATP) – Gestão Autônoma do Transporte Parisiense, instituição pública de natureza industrial e comercial responsável pelos transportes públicos de Paris e seus arredores – convocaram hoje uma grande mobilização dos trabalhadores do transporte parisiense contra a Reforma Previdenciária. Das dezesseis linhas de Metro, dez estão paralisadas e quatro estão operando em número reduzido, somente as duas linhas automáticas estão operando normalmente. A Rede Expressa Regional, conhecida como RER, os Ônibus e os Bondes também estão operando com horários reduzidos no dia de hoje. A última greve dessa amplitude data de outubro de 2007, que teve como objetivo a defesa de que as pessoas empregadas pela RATP pudessem retirar o pagamento de sua pensão mais cedo do que no setor privado.

Os motoristas da RATP contam hoje com um regime especial de aposentadoria, tendo em vista as condições insalubres de trabalho: pouco contato com luz natural, manuseio de produtos tóxicos e inalação cotidiana de partículas finas, como amianto, para além do limite tolerado. Além disso, os acidentes de trabalho e as mortes são comuns. Uma das especificidades do regime é de que esses trabalhadores possam se aposentar a partir dos 50 anos, hoje. Porém, o governo francês propôs em julho deste ano uma reforma previdenciária, através do “relatório Delevoye”, o qual apresenta um sistema universal de aposentadoria, acabando progressivamente com os regimes especiais. Para os motoristas da RATP, essa mudança significa que eles passariam a se aposentar somente a partir dos 62 anos, por exemplo.

Em entrevista para o jornal francês “20 minutes”, os trabalhadores afirmam que estão em greve para defender a aposentadoria de todos, para demonstrar a dureza de suas condições de trabalho e para manifestar-se contra o governo: “Este dia 13 será uma demonstração, para mostrar a esse governo que sua altiva garantia não é nada contra os humanos que se revoltam”. Na mesma entrevista, o gerente de movimento dos trens da RATP aponta que eles trabalham “sob um túnel o dia todo, o transporte de pessoas é uma grande responsabilidade, trabalhamos nos finais de semana e feriados. Eu tenho um trabalho de restrições, gosto do meu trabalho, faço-o com o coração, mas não poderei garantir a segurança dos viajantes aos 62 ou 65 anos, minha vigilância será afetada “.

As manifestações iniciadas nesta sexta-feira pelos agentes da RATP dão início a uma série de mobilizações contra a reforma previdenciária. Sindicatos estão chamando mobilizações também para os dias 21 e 24 de setembro, para que, em dezembro, a greve seja generalizada.


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