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Com escassez de testes e aumento exponencial de casos por Covid-19, Mandetta quer reduzir isolamento social

Por Maria Alice de Carvalho, redação do Universidade à Esquerda
06 de abril, 2020 Atualizado: 13:46

O Brasil atualmente apresenta 12.056 casos confirmado de pessoas infectadas pelo coronavírus e 553 óbitos registrados, informou o governo em Coletiva de Imprensa no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (06). Com isso, o Brasil ocupa no mundo 15º lugar em números de casos confirmados, 13º em número de mortos, 8º em taxa de letalidade e 17º em taxa de mortalidade. 

De acordo com os secretários do Ministério da Saúde, João Gabbardo e Wanderson de Oliveira, o país levou 17 dias para atingir cem casos, uma semana para chegar a mil casos e, depois, 14 dias para chegar a 10 mil casos.

Isso sem contar o alto índice de subnotificação no país. Devido à escassez de testes no Brasil, apenas os casos mais graves e hospitalizados são testados. Em alguns lugares, inclusive, há a orientação de que os  serviços de saúde realizem a subnotificação, como na Cidade de Deus.

Em fase inicial de transmissão do Covid-19, o Brasil vem alcançando recordes diários de aumento de números de casos confirmados e de mortes e, de acordo com o Ministério da Saúde, espera-se que essa situação siga se agravando até que alcancemos o momento de desaceleração da epidemia.

Entre sexta e sábado, por exemplo, de acordo com pasta do ministério, foram 1.222 novas confirmações e 72 mortes, com um crescimento de 20% de óbitos e 13,5% de infectados. Nas últimas 24 horas, foram registrados 926 novos casos e 67 mortes.

Do que se sabe sobre o comportamento da epidemia, ela passa por quatro fases diferentes, sendo elas: transmissão localizada, aceleração descontrolada, desaceleração e controle. No Brasil, estamos vivenciando a primeira fase, porém pelo menos quatro estado brasileiros já se encontram na iminência de entrar na fase de aceleração descontrolada de transmissão.

São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas, além do Distrito Federal, devem nas próximas semanas entrar em uma fase mais grave da epidemia, a qual se caracteriza por uma espiral de casos e uma sobrecarga excessiva do sistema de saúde.

Desde o primeiro caso diagnosticado no Brasil, São Paulo se mantém como o estado mais atingido, agora com 4.620 casos e 304 mortes. No Rio de Janeiro, há até o momento 1.461 casos e 71 óbitos. Ceará possui 1.013 casos e 29 mortes.Para conseguir melhor administrar o momento de pico de contaminação que estamos prestes a vivenciar em pelo menos quatro estados brasileiros, o essencial é que haja quantidade suficiente de suprimento de equipamentos – como leitos, EPI, respiradores e testes laboratoriais – e de equipes de saúde – médicos, enfermeiros, dentre outros profissionais -, o que o Brasil está longe de alcançar, tendo em vista a patente de itens como medicamentos, equipamentos, vacinas e testes; e sua localização na disputa mundial e de desenvolvimento científico e tecnológico enquanto país de capitalismo dependente.

No que tange à testagem massiva da população, o Brasil está muito aquém da média internacional. O Brasil registra a menor quantidade de testes proporcionalmente dentre os países com mais casos confirmados pelo planeta.

Entre os 15 países mais infectados no mundo, o país com mais testes em relação a sua população, Suíça, tem 18,2 mil testes para cada milhão de habitantes. Países com poucos testes, como Iran, Reino Unido e Turquia têm entre 2,1 mil a 2,8 mil testes para cada milhão de habitante. Brasil tem apenas uma média de 258 testes para cada milhão de habitante.

Mesmo nesse contexto, Luiz Henrique Mandetta, Ministro da Saúde, planeja reduzir o isolamento social — uma das medidas mais eficazes na maior contenção de transmissão do vírus. 

A determinação é que em estados onde o número de casos confirmados não tenha atingido, ainda, um impacto severo no sistema de saúde, atingindo mais de 50% da capacidade de saúde instalada, se passe do Distanciamento Social Ampliado (DSS) para o Distanciamento Social Seletivo (DSS), a partir da próxima segunda-feira (13).

O Distanciamento Social Seletivo se caracteriza por recomendar o isolamento apenas de grupos de risco, que são, de acordo com o Ministério da Saúde, idosos e portadores de doenças crônicas. Sendo assim, aqueles com idade inferior a 60 anos e que não apresentem sintomas serão recomendados a voltar a circular livremente e a exercer suas atividades de trabalho.

Ou seja, o novo plano apresentado pelo ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, é de que naqueles lugares onde ainda não se instaurou o caos, promova-se o retorno às atividades econômicas aumentando a probabilidade de transmissão entre aqueles que não se encontram no considerado grupo de risco, até que cheguemos na fase de crescimento desacelerado da doença, ainda sem um sistema de saúde à altura do que exige o momento.


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