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Opinião

Lucro sobre, salário desce

Operários – óleo sobre tela, 150 x 205 cm. 1933
Por Morgana Martins, redação do Universidade à Esquerda
18 de agosto, 2022 Atualizado: 13:05

Com a divulgação de alguns dados sobre a situação de diversos setores do país, resolvemos fazer uma relação das informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os dados dos lucros do segundo trimestre de alguns bancos, como o Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil (BB). 

Se somados os lucros líquidos dos quatro bancos citados acima, a soma é de R$ 26,6 bilhões no segundo trimestre de 2022; um crescimento de 20,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. O Bradesco, segundo maior banco privado, teve inclusive lucro acima do que era esperado, de R$ 7,04 bilhões.

Já os dados da PNAD contínua mostram um recorde de trabalhadores informais, chegando a 39,3 milhões e uma queda de 5,1% no último ano do rendimento real habitual, que consiste no rendimento recebido pelos trabalhadores mensalmente. Enquanto os lucros dos quatro grandes bancos brasileiros crescem, o rendimento em real do trabalho cai. 

Outros dados que mostram a situação da classe trabalhadora de nosso país podem ser trazidos à tona para nos ajudar a pensar no cenário nacional. 

Segundo os dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil (VIGISAN), 6 de 10 famílias não conseguem acesso pleno à alimentação no país. São cerca de 33,1 milhões de brasileiros passando fome, 15,5% da população em estado gravíssimo. Que convivem com algum grau de insegurança alimentar, são 125,2 milhões de brasileiros. 

Não é somente por esses dados que mensuramos a situação catastrófica que se encontra nossa classe, eles nos ajudam a ter uma dimensão daquilo que vemos cotidianamente: a fome, o aumento do número de pessoas em situação de rua e pedindo dinheiro, o desemprego. 

Agrava a situação o fato de a esquerda não apresentar um projeto concreto e conciso para o rompimento do ciclo de crises, ou seja, não há projeto econômico sério para que esse país recoloque a classe trabalhadora em um patamar possível para intervenção na conjuntura, como já ocorreu em nosso país na década de 80. 

Os textos de opinião são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, as posições do Jornal.


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