Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil devem ter lucro total de R$ 21,5 bilhões no segundo trimestre de 2021. Essa é a estimativa feita pelo Valor Econômico em oito casas de análise.
O montante pode ser ainda maior, conforme os bancos vão divulgando os números oficiais. O Santander, por exemplo, divulgou nesta quarta-feira (28) que fechou o trimestre com lucro líquido gerencial de R$ 4,1 bilhões, uma alta de 98,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O levantamento previa uma alta de 84,3%.
Em média, os grandes bancos de capital aberto do país devem mostrar um saldo de quase 60% nos lucros do segundo trimestre. Parte do grande aumento deriva da base de comparação fraca, já que no mesmo período do ano passado os resultados foram reduzidos pelos bilhões de reais em provisões constituídas para lidar com a pandemia.
No primeiro ano da pandemia, as despesas dos bancos com Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa saltaram 30% sobre 2019 . Essa provisão refere-se a estimativa para possíveis perdas que poderão ocorrer do não recebimento de créditos oriundos de transações.
Os bancos preveem leve deterioração na inadimplência (descumprimento das obrigações financeiras) devido aos efeitos da crise e da pandemia. Mas a previsão é crescimento “saudável” dos lucros, nas palavras de seus representantes. Afinal, os setores bancários preveem um spread maior para os próximos ciclos. O spread bancário é a diferença entre a taxa de juros cobrada pelos bancos nos empréstimos e a remuneração paga na hora de captar recursos no mesmo valor.
Há um crescimento de empréstimos com o possível controle da pandemia, com o avanço da vacinação. A alta anual do crédito, por exemplo, passou de 14,5% em março para 15,6% em maio. Entre bancos domésticos privados a expansão foi ainda maior, de 24%.
Analistas preveem um desempenho ainda maior na segunda metade do ano. Com o controle da pandemia, por exemplo, as poupanças das famílias tendem a se estabilizarem, o que impulsiona demanda por produtos de crédito de maior retorno. Segundo os representantes do setor, esse será o cenário ideal para aumentar o spread, parte do lucro que fica com os bancos.
Mas alguns analistas destacam que a margem de lucro dos bancos pode reduzir. Não tanto pela redução da taxa Selic, mas sobretudo devido a maior concorrência entre os bancos.
Há uma preocupação do setor bancário com o avanço do open banking, plataforma que o Banco Central vem implementando. A partir de 13 de agosto começará a segunda fase de implementação do open banking, que permite compartilhar dados e serviços de clientes entre instituições financeiras por meio da integração de seus respectivos sistemas. A previsão é que com isso aumente a concorrência entre os bancos, o que poderia reduzir a margem do spread bancário.
“O Brasil entrará na fase dois do open banking, provavelmente aumentando a concorrência no segmento de crédito e lançando dúvidas de longo prazo se a recuperação dos spreads não se materializar. Ou seja, se os spreads bancários não melhorarem com o crescimento de quase 6% do PIB e um ciclo de aumento da taxa de 4 pontos percentuais, será mais difícil argumentar por um futuro mais brilhante [leia-se: lucrativo]”, aponta relatório do Itaú BBA.