As condições de vida da classe trabalhadora estão a cada dia mais difíceis, o aumento nos preços de bens básicos para a vida impactam significativa e dramaticamente a vida de milhões de brasileiros. Os alimentos estão cada vez mais caros, os combustíveis, os remédios, os alugueis, a energia. A situação fica ainda mais complicada quando se observa em conjunto os dados de nível de emprego, que continuam altos. Na ultima pesquisa por amostra de domicílios do IBGE, a PNAD, o nível de desemprego estava em 14,2%.
Segundo a pesquisa de orçamentos familares (POF) de 2018 cerca de 17% dos lares brasileiros pagam aluguel. Já a fatia dos domicílios que recebem dinheiro de aluguel é menor, cerca de 5%, e se concentram nas famílias com maior renda média mensal.
Em 2018 as famílias que tinham renda média de até 2 salários mínimos eram 24% da população, mas dentre as que pagam aluguel a fatia é de 29%. O desembolso mensal com o aluguel para essa faixa de renda é de 34% do orçamento familiar.
Os contratos de alugueis são reajustados anualmente por algum índice de preços, o reajuste garante a reposição do valor de compra corroído pela inflação. O problema é que a maior parte dos contratos de aluguel são reajustados pelo IGP-M, que alcançou 31,11% no acumulado de 12 meses em março.
Ou seja, a família que pagava R$ 1000,00 de aluguel e vai ter o seu reajuste agora em abril, passará a pagar R$1311,10 se não realizar nenhuma negociação sobre o reajuste.
O Índice Geral de Preços de Mercado (IPG-M) é composto pela ponderação de outros três índices, o IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo – Mercado), o IPC-M (Índice de Preços ao Consumiror – Mercado) e o INCC-M (Índice Nacional do Custo da Construção – Mercado). Cada um desses índices possui um peso, um fator de ponderação, na composição para o IGP-M, o IPA-M de 60%, o IPC-M de 30% e o INCC-M de 10%.
Enquando o IPC-DI acumulado em 12 meses ficou em 5,4%, o IPA-M ficou em 40,12%, e o INCC-M ficou em 10,19% (valores para fevereiro de 2021). A elevação desses índices, principalmente o IPA-M, reflete o aumento do dólar e o aumento dos insumos para a produção, já que é composto pelos preços de produtos agrícolas e industriais no atacado. Mas os preços dos alimentos também ficaram mais caros, uma hipótese é de que com a desvalorização cambial os produtores estão preferindo exportar alimentos do que vendê-los no mercado interno.
Certamente o desafio que enfrenta a classe trabalhadora brasileira não é fácil. A pesquisa recém divulgada a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar indicou que cerca 19 milhões de brasileiros enfrentou a fome em 2020, cerca de 9% dos domicílios brasileiros. Apenas 44,8% dos domicílios estavam em condições de segurança alimentar. Vale lembrar que em 2020 estava em vigor o auxílio emergêncial de 600 reais.