O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) planejam conceder 5 florestas públicas federais do Amazonas à iniciativa privada até o fim de março de 2023. O início dos estudos para a concessão foi formalizado em uma reunião virtual, em que as florestas foram definidas como “potencial mercado”, além dos argumentos de que “nada é pior do que conservar e manter a pobreza no território”.
Somadas, as florestas totalizam cerca de 2,3 milhões de hectares. As cinco que estão sendo analisadas são: Balata-Tufari, Iquiri, Jatuarana, Pau-Rosa e Gleba Castanho.
O projeto de manejo florestal tem a proposta de unir produção florestal e proteção ambiental. O acordo prevê que cabe ao BNDES, em conjunto com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), estruturar o modelo de editais de concessão para prática de “manejo florestal sustentável”.
Porém, a decisão deverá beneficiar a exploração madeireira. A proposta prevê a produção de cerca de 1,3 milhão de metros cúbicos de madeira legal e produtos florestais. A geração de empregos (estimativa de 3,9 mil empregos diretos e 7,8 mil postos de emprego indiretos), se coloca acima da conservação ambiental nos discursos de defesa do projeto.
Gustavo Montezano, presidente do BNDES, declara que, apesar de a àrea de mais de 2 milhões de hectares ser imensa, “isso é apenas o início de uma jornada muito maior, esse é um mercado que daqui a dez, 15, anos, pode se multiplicar por muitas vezes”.
Além das florestas no Amazonas, em janeiro o Mapa e o BNDES deram início a estruturação do projeto de concessão de três florestas nacionais da região Sul do país: Três Barras, Chapecó e Irati. Na reunião com o BNDES, o diretor do SFB relatou que a meta era conceder 4,8 milhões de hectares até o começo de 2023.
Apesar do discurso de que a proposta teria aliança com a proteção ambiental, e que o interesse prioritário é de desenvolvimento socioeconômico local e geração de empregos, a questão intrínseca da decisão diz respeito à concessão de direitos à iniciativa privada para exploração da biodiversidade da Amazônia. Dessa forma, cedendo a esses interesses privados os recursos ambientais da nação, e os priorizando acima da conversação ambiental.