O evento contou com a presença da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, o presidente da AstraZeneca, Carlos Sánchez-Luis, o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
Após a assinatura, apenas Bolsonaro e Queiroga discursaram. Frente ao desgaste causado pela CPI da Covid-19, Bolsonaro pediu aplausos também ao ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, além de mencionar em sua fala o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Em seu breve discurso, Bolsonaro conteve-se em dizer que a crise pandêmica só poderá ser superada com a imunização de todos ou da maior parte da população.
Durante toda a pandemia, Bolsonaro atuou de maneira a minimizar os impactos do vírus e a boicotar a parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac. Se o governo federal tivesse fechado os contratos com o Butantan, o Brasil poderia ter sido um dos primeiros países a vacinar a população.
Não apenas nas disputas que Bolsonaro e Dória travaram sobre a CoronaVac especificamente, o presidente, em lives e encontros com apoiadores, discursou contra a prioridade na produção de vacinas, sugerindo o uso e a ampliação do “tratamento precoce” em detrimento das campanhas de vacinação.
Apesar dos entraves produzidos pelo governo federal, com a produção do IFA pela Fiocruz, a tendência é que a vacinação acelere. Isso porque a importação dos insumos, principalmente da China, sofre com atrasos e demais dificuldades que emperram o ritmo da vacinação.
Outro ponto é que a produção do IFA no Brasil dará maior liberdade para a produção de vacinas que atendam mais especificamente às mutações que o vírus sofre no país, podendo, a longo prazo, mapear essas mutações e produzir vacinas mais eficientes para o contexto brasileiro.
A fabricação das vacinas de maneira independente é um passo fundamental para que o Brasil possa superar a crise sanitária. Com este passo, o país não precisará mais passar pelos trâmites de importação dos insumos essenciais para a fabricação das vacinas, o que significa, em suma, maior independência, já que a vacinação não precisará mais ser pautada nos termos das farmacêuticas.
Por si só, a possibilidade de fabricação dos próprios insumos ainda não é suficiente para garantir que o ritmo da vacinação no Brasil possa ser dado apenas pela sua própria indústria, tendo em vista que há, no momento, apenas dois institutos capazes de produzir vacinas para humanos.
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Os ataques à ciência seguirão atingindo a saúde pública. Além disso, as soluções oferecidas pelo capital para o mal que ele mesmo causa são justamente as parcerias público-privado que, dentre outros fatores, retiram a autonomia para atender às demandas urgentes aos trabalhadores.
Dessa maneira, é fundamental que as lutas sigam exigindo que a vacinação seja tratada como verdadeira prioridade, recebendo todos os recursos públicos que forem necessários para que sua fabricação acelere e possa abranger toda a população o quanto antes.