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Especial | 1961 – O golpe fracassado – parte 2

60 anos da campanha da legalidade e do golpe de 1961
Imagem: Montagem UàE
09 de agosto, 2021 19:26

De Barnabé Medeiros especial para o UàE

História Vivida

Jânio Quadros havia renunciado à Presidência, enquanto o vice-presidente, Jango Goulart, estava na China. Os ministros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica vetaram a posse de Jango na Presidência. No Rio Grande do Sul, o governador Leonel Brizola, mandou ocupar as emissoras de rádio e, no domingo, 27 de agosto, entrava no ar a Cadeia da Legalidade. Todos nós acompanhávamos a crise político pelo rádio, especialmente pelos radinhos a pilha, novidade recém-chegada do Japão.

Confira também a parte 1 de 1961 – O golpe fracassado

1961 – O golpe fracassado – 2

Os discursos de Brizola ecoavam praticamente de todas as casas de Porto Alegre, várias delas com o rádio no último volume. Além do governador, o que se podia ouvir eram locutores de voz indignada, personalidades declarando apoio a Jango, marchas marciais e o “Hino da Legalidade”, que havia sido composto às pressas, incansável em seu estribilho:

Avante brasileiros de pé,
Unidos pela liberdade,
Marchemos todos juntos com a bandeira
Que prega a lealdade

Após dois dias daquele bombardeio, até meu pai havia mudado de opinião: era preciso cumprir a Constituição e dar posse ao vice-presidente.

Foi naqueles dias que a palavra “gorila”, como sinônimo de militar golpista, entrou para o meu vocabulário. Nos anos seguintes, o uso desse termo seria cada vez mais comum e popular, como pude comprovar certa vez, ao ver o trailer de um desses filmes de aventura ambientado na África. Assim que apareceu o título na tela, “Jim das selvas na terra dos gorilas”, um gaiato gritou: