Na manhã desta segunda-feira (31) a superintendente de vigilância de Santa Catarina (SC), Raquel Bittencourt, em entrevista ao jornal Bom Dia SC, informou que 32.882 casos de Covid-19 foram subnotificados devido a erros de contagem no sistema.
De acordo com ela, dados que estavam sendo recebidos tanto do estado, quanto dos municípios estavam sendo contabilizados duas vezes, fazendo com que o sistema excluísse ambos os registros.
Outro erro que contribuiu para a subnotificação foi a falta de padronização dos registros dos resultados dos testes feitos em laboratórios privados, fazendo muitos terem o registro descartado pelo sistema.
Agora, com a correção da falha, os 146.864 mil casos confirmados passam para 179.746 mil.
Ainda de acordo com Bittencourt, a curva de contágio, que vinha apontando para uma queda quase inexpressiva, não se alterou significativamente. Isso pois os casos estão dispostos ao longo dos meses que a pandemia afetou o estado.
O número de mortos também não sofreu alterações segundo a superintendente, alegando que há um acompanhamento mais preciso dos dados recebidos — o qual não é possível com os casos confirmados por estes serem em maior número, conforme justificou Bittencourt.
Municípios já apontavam a divergência dos dados
Há registros de que desde abril as prefeituras têm manifestado divergências com os dados divulgados pelo estado. Já no final de julho, os dados referentes às cidades da Grande Florianópolis contavam com cerca de 40% de divergência no número de casos. Havia também a subnotificação de 10 casos de mortos por coronavírus.
Quando questionado pelos jornais locais, o governo estadual alegava que a discrepância entre os dados se referia meramente ao atraso das atualizações e da validação de notificações — que agora sabe-se ser erro do sistema de contabilização dos casos.
Apesar da divulgação do erro, a superintendência da vigilância do estado busca abafar a relevância da omissão de 18,29% dos casos de Covid-19 em SC. Problema que já vinha sendo apontado pelas prefeituras e negligenciado pelo governo estadual desde o início da pandemia.
A subnotificação dos casos de coronavírus tem sido discutida desde o início da pandemia, pois não tendo uma política de testagem massiva da população não é possível saber a real dimensão do quadro pandêmico que temos atualmente.
E foram estes os “ótimos” dados usados para embasar políticas de afrouxamento do isolamento social com a reabertura do comércio, da circulação de ônibus e da preparação da volta às aulas presenciais. Dados que foram subnotificados da falta de acesso aos testes até o momento de inserção no sistema de contabilização e divulgação. Um erro que poderia ter sido evitado se houvesse real preocupação com o impacto da pandemia sobre nossas vidas.