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Opinião

ER na Pós-Graduação: algumas consequências para a pesquisa no Brasil

Rebaixamento na formação da mão-de-obra e perda da capacidade crítica são alguns impactos

Imagem: mohamed Hassan por Pixabay
Por Flora Gomes, redação do Universidade à Esquerda
18 de fevereiro, 2021 Atualizado: 12:05

Estamos à beira de completar um ciclo anual de discussões sobre o Ensino Remoto. Durante esse tempo, por parte dos que se colocam contra-hegemonicamente, foram levantadas múltiplas determinações e implicações deletérias deste modelo de ensino. Muitas delas foram inclusive tratadas diversas vezes neste jornal. Ainda assim, gostaria de insistir mais uma vez neste debate por duas razões. A primeira, é de que essa experiência ainda está sendo assimilada pelos estudantes e professores. Sendo assim, há um espaço para disputar seu sentido e, consequentemente, a pertinência do que o capital tem apresentado como o futuro das universidades. Em segundo, por buscar adentrar um nicho ainda pouco discutido em sua especificidade: a pós-graduação. 

O percurso na pós-graduação é dotado de um caminho próprio. O contato entre colegas é breve. Misturam-se alunos de diferentes programas e de diferentes momentos no interior da trajetória da pesquisa. Ainda que seja uma vantagem por permitir o contato diverso entre estudantes, torna mais difícil construir uma concepção de “turma” tal como é comum em diversos cursos da graduação. Além disso, o tempo na instituição pode ser breve. Após a conclusão das disciplinas, sobretudo aos cursos que não necessitam de uma estrutura laboratorial complexa, muitos pós-graduandos passam a desenvolver suas pesquisas exclusivamente em espaços externos à estrutura universitária.

Essas especificidades, em um primeiro momento, parecem indicar que o percurso da pesquisa se faz fundamentalmente sozinho. O bom pesquisador, seguindo essa lógica, seria aquele capaz de desenvolver sua pesquisa com a maior autossuficiência possível, tanto em relação aos colegas, quanto em relação à instituição. Como consequência desta, as tecnologias envolvidas na adoção do Ensino Remoto, a princípio emergencial, poderiam se apresentar como convenientes para adequar a pós-graduação a um padrão de ensino mais “moderno”, compatível com nosso momento histórico e com as necessidades individuais dos pós-graduandos.