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Opinião

Educação com amor no corpo

Imagem: Montagem UàE sobre logotipo Unifesp
04 de agosto, 2021 Atualizado: 15:21

De Carolina Catini e Gustavo Mello especial para o UàE*

Em 1981, Roberto Schwarz fez o prefácio da primeira edição da revista do Cebrab. Contrariando a ideia de que havia bons ventos para a produção de conhecimento embalada pela brisa democrática que crescia, dizia ele que a situação era péssima, “excelente para fazer uma revista”. Naquele momento, o crítico observava que o sucesso de encontros acadêmicos, como os da SBPC, era prova de uma ausência: embora nunca tivesse havido tanto estudo e produção sobre o Brasil, não havia transfusão crítica, possibilidades de ultrapassar barreiras de classe, influir em processos de organização e lutas populares, essas coisas “que injetam energia social no estudo e o transformam em algo mais que ganha-pão”. Isso porque a ditadura havia desfeito os elos que havia entre as lutas e a produção intelectual, deixando essa última circunscrita à academia. De um lado, afetava o alcance da universidade, de outro, esclerosava sua prosa, cindida dos conflitos sociais. A isso somava-se um ataque mais insidioso, pois “onde a ditadura ‘apenas’ cortava e interrompia, a expansão capitalista alterava as perspectivas”, de modo que parte dos intelectuais “muitas vezes sem trocar de convicção, e sequer de assunto, viu seus conhecimentos e habilidades reduzirem-se a trunfos de carreira profissional, sem mais”.

Embora não faltassem razões para lutar, e mesmo a “baixeza” e “degradação” da profissão docente universitária e dos outros níveis de educação devessem, por elas mesmas, “chamar à revolta”, já faltavam na universidade as “ocasiões e, sobretudo, os hábitos de confronto”. Havia amor pelas lutas sociais, mas não havia mais experiência de combate coletivo, por isso “Amor sem uso” era a provocadora expressão que dava título ao pequeno texto de Schwarz.