Desde meados de 2019, diferentes cursos de graduação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) têm realizado Reformas Curriculares, em vistas de se adequar, sobretudo, ao Plano Nacional de Educação (PNE) do Ministério da Educação (MEC), o qual determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional no período de 2014 a 2024.
Dentre as metas exigidas, por exemplo, está a Curricularização da Extensão, que estabelece que “as atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% (dez por cento) do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação, as quais deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos”. Esse tema vem sendo discutido em alguns cursos hoje, como é o caso da Arquitetura.
No curso de Design, onde recorrentemente há reformas curriculares, o processo já se encontra bastante avançado. Desde o final de 2019, tramita pelo Núcleo Docente Estruturante (NDE) e Órgãos Colegiados a nova Reforma Curricular.
Para além da curricularização da extensão, tema que precisa ser ainda melhor debatido pela comunidade universitária, a reforma curricular aumenta a carga de Ensino a Distância (EaD) nos Cursos de Design e Design de Produto da UFSC.
De acordo com nota publicada pelo Centro Acadêmico de Design (CADe) em outubro de 2020, o novo projeto pedagógico prevê que “40% de carga horária do curso de Design de Produto e 27,1% da carga do curso de Design (podendo chegar a 40% também em posteriores atualizações do projeto pedagógico) sejam dadas em EaD”.
Ou seja, em pelo menos um dos cursos da UFSC já está em andamento um processo de hibridização do ensino superior em graduações. É preciso estar atento às alterações que vêm sendo realizadas em todas as graduações da universidade que passam, hoje, por discussões e processos de reforma curricular.
A reforma curricular nos cursos de Design também aumenta a carga horária e realiza alterações nos Projetos do curso. Para entender melhor, no curso de Design da UFSC a partir do quarto semestre o currículo se organiza por Projetos, trabalhos em que há a relação direta entre o corpo estudantil e as empresas privadas. Essa prática de intensas parcerias ocorre há pelo menos mais de seis anos no curso, segundo relato de estudantes ao UFSC à Esquerda em matéria publicada em 30 de junho.
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Há, ainda, um aumento nas disciplinas de inovação e marketing no currículo, questões que já vêm avançando sobre a formação em Design como forma de limitar a formação universitária ao mercado de trabalho e empreendedorismo.
Como denunciado na nota do CADe aqui citada, a reforma curricular significa mudanças drásticas no curso, e até mesmo no que tange à universidade pública, e vem sendo feita sem discussão com os estudantes e de forma acelerada.
Até onde nos consta, a reforma curricular do curso de Design aguarda para ser aprovada pela Pró-reitoria de Graduação (PROGRAD).
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Publicado originalmente no jornal UFSC à Esquerda.