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Contrapoder lança curso: As Forças Armadas na História e na Política Brasileira: do século XVI até hoje
Inscreva-se até 05/08! Os encontros acontecerão às segundas-feiras de agosto, às 19h.
Durante o mês de agosto o Contrapoder realizará o curso “As Forças Armadas na História e na Política Brasileira: do século XVI até hoje. Continuidades e descontinuidades“. Os encontros acontecerão nos dia 01, 08, 15, 22 e 29 de agosto, às segundas-feiras, a partir das 19h, com três horas de duração cada. Será disponibilizado certificado aos inscritos que participarem de pelo menos quatro encontros. As inscrições estão abertas até dia 05 de agosto no site do Contrapoder.
Confira os conteúdos programados para cada encontro, a bibliografia e os respectivos pesquisadores que ministrarão em cada dia. O curso é coordenado por: Mário Maestri, David Maciel, Marino Mondek.
Aula 1: As forças armadas de terra no Período Colonial
Por Paulo César Possamai, Professor de História Moderna na UFPEL. Doutor em História Social pela USP, com a tese “O cotidiano da guerra na Colônia do Sacramento”.
O exército do Antigo Regime europeu era composto de oficiais de origem nobre e soldados recrutados entre a população que não tinha recursos ou privilégios para escapar ao serviço militar. Nas colônias, o sistema era o mesmo, com a ressalva de que a maior parte das tropas era composta dos grupos étnicos que formavam a base da sociedade. Quando possível, as companhias eram compostas de um único grupo étnico, seja de negros, seja de índios ou de luso-brasileiros; mas, em situação de perigo, mesmo os escravizados podiam ser incorporados às tropas. As forças armadas eram formadas pela tropa paga, composta de soldados profissionais, pelas tropas auxiliares, composta de indígenas, na maioria das vezes, e pela força de defesa territorial, chamada ordenança ou milícia, composta dos homens que tinham o dever de defender o território onde viviam, mas que não eram obrigados a se deslocar para servir em outro local.
Bibliografia:
COSTA, Fernando Dores. 2010. Insubmissão. Aversão ao serviço militar no Portugal do século XVIII. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 2010.
PEREGALLI, Enrique. Recrutamento Militar no Brasil Colonial. Unicamp, 1986.
POSSAMAI, Paulo (Org.). Conquistar e defender: Portugal, Países Baixos e Brasil. Estudos de História Militar na Idade Moderna. São Leopoldo: Oikos, 2012.
POSSAMAI, Paulo. A vida quotidiana na Colónia do Sacramento. Lisboa: Livros do Brasil, 2006.
Aula 2: As forças armadas de terra no Império
Por: Mário Maestri, Professor colaborador do PPGH da UPF. Doutor em Ciências Históricas pela UCL, Bélgica.
Dom Pedro permaneceu no Rio de Janeiro, comandando oficiais e soldados lusitanos, o primeiro exército de primeira linha do Império após 1822. Essa tropa secundou o Imperador no primeiro golpe anticonstitucional de fins de 1823. Com a deposição de Pedro I e o advento da Regência, as tropas lusitanas retornaram a Portugal e criou-se aqui um exército de “primeira linha”, profissional e diminuto, ao lado de numerosa Guarda Nacional provincial, remunerada quando em atividade. A escolha, nomeações e promoções dos oficiais de “primeira linha” davam-se segundo princípios aristocráticos e políticos – os oficiais superiores eram em geral líderes dos partidos Conservador e Liberal (Caxias, Osório, etc.) Opostos politicamente, uniam-se na defesa do Estado monárquico e escravista. A população temia ser arrolada nas tropas de “primeira linha”, em razão das péssimas condições de vida e do castigo físico. Com a Guerra da Tríplice Aliança (1845-1870), os oficiais de primeira linha ocuparam os postos de comando de tropas formadas sobretudo por batalhões da Guarda Nacional, por Voluntários da Pátria e por tropas de “primeira linha”. Com o fim do conflito, as tropas de “primeira linha” voltaram ao número diminuto. A Guarda Nacional, tendo como oficiais os mais ricos fazendeiros e escravistas provinciais, e como suboficiais e soldados seus agregados, seguiu sendo a tropa militar hegemônica do Império.
Bibliografia:
CASTRO, Jeanne Berrance de. A milícia cidadã: a Guarda Nacional. De 1831 a 1850. São Paulo: CEN; Brasília, INL, 1977. 262 p.
COSTA, Wilma Peres. A espada de Dâmocles: o exército, a guerra do Paraguai e a crise do Império. São Paulo: Hucitec, 1996.
MAESTRI, Mário. Guerra sem fim: A Tríplice Aliança contra o Paraguai. Volumes I e II. Porto Alegre: FCM, 2017, 2020.
MAESTRI, Mário. Revolução e contra-revolução no Brasil: 1530-2019. 2. ed. Porto Alegre: FCM Editora, 2018.
SOUZA, Adriana Barreto de. O Exército na consolidação do Império: um estudo histórico sobre a política militar conservadora. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1999. 190 p.
Aula 3: As forças armadas de terra na República Velha
Por: Ana Luiza Setti Reckziegel, Doutora em História Ibero-Americana pela PUCRS. Professora titular no PPGH da UPF.
Os militares na Proclamação da República. O caráter da República Federalista. A hegemonia do “café-com-leite”. As forças armadas estaduais, sob o mando dos governadores, substituem as guardas nacionais. A modernização da marinha e a Revolta de 1910. A modernização do exército de primeira linha, em grande parte no papel. As revoltas tenentistas. As forças armadas e a revolução de 1930.
Bibliografia:
MACHADO, Paulo Pinheiro. Lideranças do Contestado: a formação e atuação das chefias caboclas (1912-1916). Campinas: Ed. da UNICAMP, 2004.
Moniz, Edmundo. A Guerra Social de Canudos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
RECKZIEGEL, Ana Luiza Setti; AXT, G. (Org.). História Geral do Rio Grande do Sul – República Velha (1889-1930). Tomo 1. 2. ed. Passo Fundo: Méritos, 2019. v. 6. 552 p.
RECKZIEGEL, Ana Luiza Setti; AXT, G. (Org.). História Geral do Rio Grande do Sul – República Velha (1889-1930). Tomo 2. 2. ed. Passo Fundo: Méritos, 2019. v. 6. 515 p.
Aula 4: As forças armadas de terra de 1930 a 1985
Por David Maciel, Doutor em História, professor da UFG e da coordenação nacional do GT História e Marxismo da ANPUH, e Paulo Ribeiro Rodrigues Cunha, Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp e professor da UNESP.
Os militares e a Revolução de 1930. O Exército e a Industrialização. A Segunda Guerra e a aliança com os EUA. Esquerda e direita nos quartéis e nas ruas. Os militares e o golpe de 1964. Moderados e linha-dura. Doutrina de Segurança Nacional e Capital Monopolista. Os militares e a transição “lenta, gradual e segura”.
Bibliografia:
CUNHA, Paulo Ribeiro da. Militares e militância: uma relação dialeticamente conflituosa. 2. ed. São Paulo: Unesp, 2021. v. 1. 484 p.
CUNHA, Paulo Ribeiro da; CABRAL, Fátima. Entre o Sabre e a Pena: Nelson Werneck Sodré. São Paulo: Editora Unesp/Fapesp, 2006.
MACIEL, David. Ernesto Geisel e a autocracia burguesa no Brasil. História Revista, v. 20, n. 1, p. 72-91. 2016
OLIVEIRA, Eliézer Rizzo. As Forças Armadas: política e ideologia no Brasil (1964-1969). Petrópolis: Vozes, 1976.
SOARES, Samuel Alves. As Forças Armadas e o Sistema Político Brasileiro (1974-1999). São Paulo: Editora Unesp, 2006.
STEPAN, Alfred. Os militares: da Abertura à Nova República. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
TRONCA, Ítalo. O Exército e a industrialização: entre as armas e Volta Redonda. In: FAUSTO, Boris (Org.). História Geral da Civilização Brasileira. v. 10. O Brasil republicano (1930-1964). São Paulo: Difel, 1986. p. 337-360.
ZAVERUCHA, Jorge. Rumor de sabres: controle civil ou tutela militar? São Paulo: Ática, 1994.
Aula 5: As forças armadas de terra nos dias atuais
Mesa-redonda com David Maciel, Maria Orlanda Pinassi, Mário Maestri, Milton Temer e Plínio Arruda Sampaio Junior
Maria Orlanda Pinassi: Professora Adjunta de Sociologia na UNESP
Milton Temer: Jornalista, ex-deputado estadual constituinte no Rio de Janeiro, ex-deputado federal e militar cassado no golpe de 64.
Plínio Arruda Sampaio Junior: Professor aposentado de Economia da UNICAMP