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Com o país em crise, 2 em cada 3 famílias estão endividadas

Em maio, 67,5% das famílias estavam endividadas

Imagem: Colagem UàE. Fonte: Roberto Parizotti/FotosPublicas.
Por Morgana Martins, redação do Universidade à Esquerda
25 de junho, 2021 Atualizado: 17:58

A crise econômica, que se intensificou com a crise sanitária, fez elevar a níveis gigantes o endividamento das famílias. Em maio, 67,5% das famílias estavam endividadas, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o maior nível desde 2010. A tendência é que, pelo menos a médio prazo, esse cenário permaneça. 

Não só os dados da CNC são alarmantes, como também o indicador do Banco Central que aponta o percentual do endividamento das famílias com os bancos em relação à renda acumulada nos 12 meses anteriores: 57,7%, considerando o financiamento imobiliário. O dado, do mês de fevereiro, também é recorde.

Para medir o endividamento, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela CNC, leva em consideração todos os tipos de dívidas, e não apenas empréstimos tomados junto a bancos. 

É o cartão de crédito o responsável pelo maior endividamento, em abril, 80,9% das famílias com dívidas recorreram a essa modalidade, que também atinge recorde histórico. Em comparação com janeiro do ano passado, a taxa de endividamento por cartão de crédito era 79,8%. 

Com a diminuição do valor do auxílio emergencial e uma política de vacinação muito frágil, o cenário de recuperação ainda é muito embaçado. Essa conjuntura, portanto, faz com que o crédito tenha um papel importante na recomposição da renda das famílias. 

Em matéria para o Valor, alguns economistas foram consultados para falar do assunto. Um deles, Bráulio Borges, economista da LCA Consultores e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a única certeza é que a crise deixará dívidas. Existe um temor, entre os economistas, de que haja uma dificuldade de recuperação já que o nível de endividamento não só das famílias, mas de empresas e do Estado está elevado. 

Como em momentos de crise a tendência é que haja quebra das pequenas e médias empresas em favor da concentração de capitais em grandes empresas, o endividamento das companhias também está em níveis altíssimos, atingindo 61,5% do Produto Interno Bruto (PIB), em março, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Mercados de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe), também maior percentual desde 2011.


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