Jornal socialista e independente

Selma Venco

Selma Borghi Venco é professora na Faculdade de Educação da Unicamp, no Departamento de Políticas, Administração e Sistemas Educacionais (DEPASE); Pesquisadora associada do Centre de Recherches Sociologiques et Politiques de Paris (CRESPPA) e Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Política Educacional (GREPPE); A Nova Gestão Pública e as relações de trabalho praticadas no setor público educacional paulista têm sido focos privilegiados de estudos e pesquisas desde 2010. Atualmente desenvolve estudo comparativo Brasil-França sobre o mesmo tema.

Crise sanitária e legado educacional: a cilada do ensino híbrido

21 de outubro, 2020 Atualizado: 09:44

Em coautoria com Olinda Evangelista

Imagem: Littus Silva, Mesa Antropofágica, Cerâmica cotto, 2018

Quem em sã consciência seria contrário a uma educação de qualidade? Todo cuidado é pouco, no entanto, para decifrar os ‘cantos da sereia’ espraiados há décadas e que durante a pandemia aproveitam as fragilidades e inquietações do momento para fazer valer seus projetos particulares sob o manto do bem comum.

No cenário de distanciamento social, os poderes públicos decidiram manter aulas a distância, desconsiderando a profunda desigualdade social no país e naturalizando o ensino a distância, como se toda a população – estudantes e docentes – tivesse acesso à internet e aos equipamentos necessários para realizar tarefas e atividades; ignoraram que toda prontidão deveria estar voltada aos cuidados e às alterações da dinâmica da vida doméstica. Ao contrário, foi feito apelo indigno a docentes, diretores e supervisores da educação básica para se adaptarem rapidamente à situação, ferindo os princípios de uma gama de profissionais descrentes do atalho criado, uma vez que tal saída não se constituía em “educação”, mas em um preenchimento do tempo de crianças e jovens.

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