A greve dos funcionários do setor rodoviário do Rio de Janeiro, decidida na última segunda-feira (28/03), paralisou o funcionamento dos ônibus urbanos na capital fluminense desde o início da madrugada de terça-feira (29/03). O Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro (Sintrucad-Rio), na mesma manhã de terça, anunciou às 09h que a greve estava suspensa, devido a criminalização e imposição de uma multa diária de R$200 mil imposta pelo Judiciário.
A greve foi comunicada após na tarde de quinta-feira (24/03) o Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro extinguir o dissídio coletivo. A decisão se deu por maioria de 4 votos a 3, e o Tribunal disse que, mesmo com a intransigência patronal que há 03 (três) anos se recusa a discutir o reajuste da categoria,
o Rio Ônibus tinha que ter autorizado o julgamento. A partir desse resultado, as tentativas de negociação foram esgotadas.
O sindicato então retomou a deliberação feita em novembro de 2021, onde foi instalada a greve em caráter permanente dos rodoviários.
Com o início da greve, o Judiciário impôs em seguida uma multa diária de R$ 200 mil ao sindicato caso a greve persistisse para dissuadir a categoria de deflagrar o movimento.
O município tem 19 mil trabalhadores rodoviários, responsáveis pelo transporte de 3 milhões de passageiros diariamente. O presidente do sindicato, Sebastião José em entrevista expressou sua indignação “[…] os trabalhadores não aguentam mais trabalhar em situações precárias e há três anos sem reajuste salarial. Nós pedimos a compreensão da população para essa luta dos trabalhadores. População essa que também tem sido prejudicada nos últimos tempos com o sucateamento e a falência do transporte público de péssima qualidade para os rodoviários e também para os usuários de transporte”.
Sebastião afirmou ainda que há relatos de profissionais da categoria que foram ameaçados e/ou coagidos a trabalharem, com empresas telefonando e indo buscar os motoristas em suas casas, além das ameaças de sanções e demissões.
Em nota, o sindicato afirma que a interrupção da greve se deu por essa ameaça judicial e em nota sobre a suspensão de greve protestaram que essa foi mais uma “[…] intervenção do Judiciário que favorece os patrões em detrimento dos direitos básicos dos trabalhadores e irá entrar com o recurso cabível”.
O Sindicato afirma que desde setembro de 2021 tenta dialogar com empresários para negociar a reposição do piso salarial, uma vez que a alta da inflação tem corroído seus salários. A categoria reivindica o reajuste salarial, que não acontece há três anos.
A Justiça também designou a segunda-feira da semana que vem (04/04) para uma audiência de conciliação às 11h para discussão do dissídio coletivo.