No dia 14 de agosto de 2020, o governo recebeu a primeira proposta da Pfizer. O governo recusou esta e outras cinco ofertas do laboratório. No dia 19 de março de 2021, quatro dias após a queda do ministro da saúde, Eduardo Pazuello, o governo aceitou a compra.
Dentre os depoimentos da CPI da Covid, o que mais destacou esse papel do governo foi o do gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, realizado no dia 13 de maio.
Dentre as propostas feitas pela Pfizer em 2020, havia o acordo de vender 70 milhões de unidades do imunizante. As primeiras propostas previam a entrega das doses já em dezembro daquele ano.
O governo ignorou a compra de 70 milhões de unidades da vacina. Segundo Murillo, se o acordo fosse firmado em agosto de 2020, já no segundo trimestre deste ano (até junho) haveria 18,5 milhões de doses disponíveis.
O acordo inicial previa a entrega de 1,5 milhões de doses até dezembro de 2020, 3 milhões até março de 2021 e 14 milhões em junho. Para o segundo semestre do ano, estavam previstas mais 51,5 milhões de doses.
Atualmente, menos de 1 milhão de doses da Pfizer foram aplicadas na população brasileira devido aos atrasos do governo. A quantidade de doses é inferior ao número previsto para ser entregue em dezembro de 2021. As unidades do imunizante da Pfizer representam apenas 1,3% das vacinas aplicadas no país. Do total de vacinas já aplicadas, 67% foram da CoronaVac e 31% da AstraZeneca.
Em março, mês em que o Brasil registrou pela 1ª vez mais de 3 mil mortos por dia, a pressão contra o governo Bolsonaro fez com que caísse o então ministro da saúde Eduardo Pazuello. Quatro dias após sua queda, seu substituto, o ministro Marcelo Queiroga, assinou compra com a Pfizer.
O governo federal recusou cinco propostas em 2020. Três em agosto, duas em novembro e uma no dia 15 de fevereiro de 2021. Houve propostas que o governo sequer respondeu, seja para negar, aceitar ou negociar.
Uma nova proposta é feita no dia 8 de março e aprovada e assinada no dia 19 do mesmo mês.
No acordo atualmente fechado, estão previstas 100 milhões de doses, sendo 86 milhões para serem entregues até setembro deste ano. Apesar da projeção, não é certo que os prazos sejam cumpridos pela farmacêutica, devido à demora no acordo.
Além da demora e consecutivas recusas, o governo é investigado por montar uma assessoria paralela para assuntos da pandemia, uma espécie de “ministério paralelo” ao da saúde.
O gerente-geral da Pfizer confirmou que em uma das reuniões para tratar da compra do imunizante, esteve presente o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos). O filho do chefe do Executivo participou de uma reunião entre diretoras da farmacêutica no Palácio do Planalto.
A informação corrobora com a tese do “ministério paralelo”, que orienta e define as medidas que serão adotadas no combate à pandemia do coronavírus.
“Após aproximadamente uma hora de reunião, Fábio recebeu uma ligação, saiu da sala e retornou. Minutos depois, entraram na sala Filipe Martins, da assessoria internacional da Presidência, e Carlos Bolsonaro. Fábio explicou aos dois os esclarecimentos prestados pela Pfizer”, contou Murillo.
Situação atual
Até o momento, 62 milhões de doses foram aplicadas no Brasil. Dentre os modelos, o Brasil atualmente utiliza o imunizante da AstraZeneca, CoronaVac e Pfizer. Todos exigem aplicação de duas doses. Das doses aplicadas, 41,9 milhões foram destinadas à 1º dose e 20,6 milhões à 2ª dose
Até quinta-feira (20), apenas 2,8 milhões de doses do imunizante da Pfizer foram entregues ao Ministério da Saúde
Do total de vacinas já aplicadas, apenas 1,3% foram da Pfizer; 67% foram da CoronaVac e 31% da AstraZeneca.
Nesta segunda-feira (24), o país ultrapassou a marca de 450 mil óbitos pela Covid-19 e mais de 16 milhões de infectados.