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Opinião

A barreira de cor como antinomia universal do capital

Imagem de Rosalia Ricotta. Licença Creative Commons
Por Márcio Farias, redação do Universidade à Esquerda
16 de outubro, 2020 Atualizado: 20:34

Márcio Farias é doutor e mestre em Psicologia Social na PUC-SP e graduado em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2011). Em pesquisa, desenvolve estudos sobre Pensamento social latino americano e relações raciais; Questão racial e lutas de classes na América Latina; Trabalhadores imigrantes negros em São Paulo e Buenos Aires. Márcio discutiu lutas de classe e raça no Brasil como convidado do Circulação da Balbúrdia, o vídeo da atividade pode ser acessado no canal do YouTube da EFoP.

Em 1903 W.E.B. Du Bois lançou seu mais importante trabalho: Almas da Gente Negra, que logo se tornou um clássico sobre o tema das relações raciais. Neste livro, temos alguns ensaios em que este grande intelectual discorre sobre os dilemas centrais dos EUA da época, um país que já nos marcos do século XX era modelado por relações que barravam a plena inclusão da população negra. Alicerçada numa sólida formação intelectual, Du Bois, quase como um adágio, sentencia nesse livro qual é a característica que considerava elementar de uma das maiores antinomias da modernidade nos EUA e, consequentemente, uma das contradições centrais do capitalismo: “O problema do século XX é o problema da barreira racial – a relação das raças mais escuras com as raças mais claras na Ásia e na África, na América e nas ilhas oceânicas” (Du Bois, 1999, p. 64).