Em reunião online no dia 9 de junho, o CEO (Diretor executivo) da Latam Airlines no Brasil, Jerome Cadier, anunciou a demissão de quase 2000 funcionários da empresa no país. A empresa aérea é resultado da fusão da chilena LAN com a brasileira TAM, que aconteceu em 2012, e tem unidades operacionais no Chile, Brasil, Colômbia e Peru.
Respaldada pela MP 936 do governo Bolsonaro, que autoriza a redução salarial e a suspensão de contrato durante o estado de calamidade pública, a empresa já havia realizado nos últimos meses a redução salarial de toda a categoria com a redução proporcional da jornada de trabalho.
A decisão de redução de salário e jornada foi acordada com os sindicatos no começo de março. Os cortes de salário, segundo a Folha de São Paulo, chegaram a 80%. Em contrapartida, a Latam se comprometeu a não realizar nenhuma demissão até o fim de junho.
Em entrevista para a Folha de São Paulo no fim de maio, Jerome Cadier afirmou que haveria demissões na empresa depois de junho:
“A partir de amanhã [27], entraremos em negociação com os sindicatos para entender qual é a melhor forma da gente ajustar o tamanho da companhia à nova realidade de mercado. A demanda caiu a curto prazo violentamente e vai cair a longo prazo. Vamos operar de 30% a 40% a menos que no ano passado no fim do ano. A Latam não pode manter o mesmo tamanho”
Cadier falava sobre um Plano de Demissão Voluntária (PDV). No entanto, Roberto Alvo, presidente da empresa, afirmou que as demissões em massa no Brasil eram um horizonte. Na América Latina, no início de maio, a Latam demitiu 1845 trabalhadores de suas filiais no Chile, Colômbia, Equador e Peru.
No primeiro trimestre de 2020, a Latam registrou um prejuízo líquido de R$ 11,5 bilhões, 35 vezes o valor das perdas registradas em igual período em 2019, R$ 325,9 milhões. Segundo a Latam, este prejuízo é resultado por uma redução de R$ 4,9 bilhões no ganho de capital. A perda, no entanto, de acordo com a companhia, não afeta o caixa.
No último trimestre de 2019, o Grupo Latam teve um aumento de 145% do lucro apurado no terceiro semestre do ano passado. Um lucro de de R$ 447,56 milhões foi atribuído aos sócios da empresa naquele trimestre.
Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) emitiu um “socorro” às empresas aéreas, dividido igualmente entre a Azul, Gol e Latam, avaliado em R$ 6 milhões. Dessa maneira, a empresa realiza as demissões enquanto recebe um socorro de R$ 2 milhões do BNDES e o Estado cobre parte do salário de seus funcionários.