O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou nesta segunda-feira (8), que o Ministério da Saúde (MS) retorne a divulgação do balanço diário da pandemia da forma como era feita anteriormente.
A mudança ocorreu no sábado (6), após o presidente Jair Bolsonaro exigir ao ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, que o número de mortes por dia ficasse abaixo de mil.
Depois de mais de 19 horas sem funcionar, a página oficial do balanço passou a exibir apenas os casos recuperados (em destaque), casos confirmados e óbitos confirmados. Estes dados incluem apenas as confirmações das últimas 24 horas, ou seja, se ocorre uma morte suspeita num dia, mas ela é confirmada apenas no dia seguinte, esse dado simplesmente não é contabilizado.
Tal alteração foi duramente criticada pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), e o Brasil chegou a ser excluído por um momento da contabilização global realizada pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos. Os grandes veículos de comunicação (Folha, UOL, Estadão, Extra, O Globo e G1) firmaram uma parceria para coletar dados das secretarias de saúde e divulgá-los. O Congresso Nacional também decidiu fazer a divulgação paralela ao MS.
Visto a má repercussão da decisão, o governo anunciou que não passava de uma execução ruim realizada pela equipe do ministro interino e que iria alterar mais uma vez, agora buscando mostrar que não há uma falta de transparência, mas sim que foi um erro.
Segundo os dados levantados pela Universidade Johns Hopkins, contamos com 707.412 casos confirmados e 37.134 mortes — o segundo país com o maior número de casos e o terceiro com maior número de mortes.
A posição do governo Bolsonaro está bem nítida: é publicamente contra o isolamento social, usa sua base de empresários para pressionar politicamente governadores pelo fim do isolamento social — que, para os setores mais pauperizados da classe trabalhadora, mal chegou a ser uma realidade. Como já não é possível seguir desdenhando da magnitude da pandemia, o governo apela para uma distorção na divulgação dos dados, em uma tentativa de sustentar seu discurso negacionista.Os últimos atos antirracismo que aconteceram no país nos mostram que é impossível esconder a verdade que está escancarada. Há mais pessoas negras morrendo de coronavírus e as comunidades e favelas sofrem com a falta de testes, de leitos, de condições sanitárias adequadas, com o desemprego e a informalidade. A classe trabalhadora não assistirá passiva a morte dos seus.