Notícia
4º Congresso da CSP-Conlutas: como foi o primeiro dia
A CSP-Conlutas, Central Sindical e Popular, deu iniciou nesta quinta-feira (3) ao seu 4º Congresso Nacional, que se estende até domingo (6). O evento reúne mais de 2000 delegados num espaço reservado em Vinhedo, na Região Metropolitana de Campinas, São Paulo.
As caravanas chegam desde a noite de terça-feira, vindas de 24 estados, sendo compostas por delegados eleitos na base dos sindicatos, por oposições sindicais, entidades nacionais e federações estaduais, movimentos populares da cidade e do campo, bem como por setores de juventude.
O Congresso foi aberto na manhã desta quarta, passando em seguida à apreciação do Regimento. Com alguns destaques pontuais no calendário, o Regimento do Congresso foi aprovado, e os delegados e observadores puderam almoçar nas dependências do local.
Logo após o almoço, foram apresentadas as 15 Contribuições Globais ao plenário, assinadas pelas diferentes entidades e correntes que compõe a Central. A ordem foi sorteada, sendo concedidos 5 minutos de apresentação para cada Contribuição.
Depois da apresentação das Contribuições Globais, aconteceu um painel de conjuntura nacional e internacional, e então a reunião de grupos de trabalho sobre conjuntura e plano de ação.
Polêmica
O primeiro dia do 4º Congresso foi marcado por algumas polêmicas. Elas dizem respeito aos rumos da Central na organização da luta dos trabalhadores contra as ofensivas do governo Bolsonaro, e, dentro disso, sobre questões de organização interna da Conlutas.
A principal dessas polêmicas é sobre o direcionamento que força majoritária, o PSTU, estaria imprimindo à Central. Intervenções como a do Resistência do PSOL, além de outras correntes minoritárias, desenvolveram a análise de que o campo majoritário estaria conduzindo a Central rumo ao isolamento.
A ponto de apoio desta leitura é o de que, com a eleição de um governo de ultradireita, o cenário se tornou muito desfavorável para que a classe trabalhadora conquiste vitórias em suas lutas diretas. O momento, caracterizado como de ascensão do conservadorismo ou de um protofascismo, exigiria como resposta dos trabalhadores a constituição de uma grande Frente Única com Centrais, sindicatos, frentes populares, movimentos sociais e partidos de esquerda.
Várias das oposições internas convergiram na proposição de que a CSP-Conlutas passasse a construir ativamente uma unidade de ação em torno do Fórum pelos Direitos e Liberdades Democráticas, ao qual a Central já está formalmente vinculada. Essa proposição foi justificada com o fato de que, ainda que reunisse os setores mais combativos dos trabalhadores, a CSP-Conlutas não era um instrumento amplo o bastante para o momento, e seria preciso criar a Frente como alternativa.
A majoritária também apresentou uma Contribuição Global, polemizando com as leituras das correntes de oposição. A composição de uma Frente Única nos moldes daquelas leituras, na visão do campo majoritário — Bloco Classista, Operário e Popular —, significaria flexibilizar o princípio da independência de classe e lançar as energias na construção de frentes eleitorais para 2020 e 2022.
Na leitura da majoritária, ainda que o governo Bolsonaro tenha sido eleito com um discurso de exaltação da violência contra os trabalhadores e seus instrumentos, não há sinais até o momento de um aumento substancial da repressão. O que se observa é que a repressão contra a mobilização dos trabalhadores segue o mesmo padrão dos anos do lulismo, sendo encabeçada de forma indiferente por governadores da base aliada de Bolsonaro ou da oposição.
O ponto que ganha mais destaque nessa leitura é o de que não há recuo nas lutas dos trabalhadores, ao contrário, há crescimento. Somente em setembro, três grandes greves estouraram em São Paulo, dos trabalhadores da Embraer, da Gerdal e da Elgin, pleiteando reajustes salariais. Também é significativo a crescente mobilização das categorias de servidores públicos contra as privatizações e os cortes orçamentários, o que ganhou relevância com a greve dos trabalhadores dos Correios (ECT).
A aprovação da Reforma da Previdência, no Senado, que justificaria um momento de derrota (e é, de fato, uma derrota aterradora dos trabalhadores), teria como explicação a participação das direções das principais entidades e Centrais Sindicais na negociação da Reforma, não importando qual custo tivesse que ser pago pelo trabalhadores.
Enfim, não seria um momento de recuar e compor frentes para disputar eleições, mas sim o momento de investir na luta. A constituição de uma alternativa de luta às burocracias da CUT, CTB e Força Sindical deveria passar, então, não pela criação de um instrumento alternativo, mas por fortalecer a CSP-Conlutas com seu caráter sindical e popular.
Confira a programação completa do 4º Congresso Nacional da CSP-Conlutas:
Quinta-feira
- 05h00min – Reabertura do credenciamento
- 09h00min – 10h15min: Mesa de saudação de abertura do congresso com mesa composta por Centrais Sindicais, Partidos e Rede Internacional
- 10h15min – 10h30min: Mesa de abertura oficial por um membro da SEN (Secretaria Executiva Nacional)
- 10h30min – 11h30min: Leitura e aprovação do Regimento.
- 11h30min – 13h00min: Apresentação de todas as Contribuições Globais com tempo dividido igualmente.
- 13h00min – 14h30min: Almoço
- 14h30min – 17h00min: Painel de Conjuntura Nacional e Internacional
- 17h00min – 19h30min: Grupos de Trabalho sobre Conjuntura e Plano de Ação
Sexta-feira
- 09h00min – 10h30min: Saudação das delegações internacionais
- 10h30min – 13h00min: Plenária de deliberação de Conjuntura e Plano de Ação
- 13h00min – Encerramento do credenciamento
- 13h00min – 14h30min: Almoço
- 14h30min – 17h30min: Grupo de Trabalho sobre “Os desafios do movimento sindical e popular (ataques à livre organização sindical, luta por moradia, terra e os processos gerais de lutas”). Divisão dos Grupos de Trabalho em Sindical e Movimento Popular.
- 17h30min – 19h30min: Reuniões Setoriais
Sábado
- 09h00min – 12h30min: Ato político “Indígenas e Quilombolas e a destruição do meio-ambiente”
- 12h30min – 14h00min: Almoço
- 14h00min – 17h00min: Plenária de deliberação “Os desafios do movimento sindical e popular (ataques à livre organização sindical, luta por moradia, terra e os processos gerais de lutas”
- 17h00min – 18h30min: Painel versando sobre o tema de luta contra as opressões
- 19h30min – Festa oficial
Domingo
- 10h00min – 12h30min: Apresentação dos relatórios dos Setoriais/Estatuto
- 12h30min – Encerramento do 4º Congresso Nacional da CSP-Conlutas