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Policiais matam trabalhador inocente no Morro do Vidigal

Por Flora Gomes, redação do Universidade à Esquerda
25 de abril, 2019 Atualizado: 22:22

 

Na noite da última segunda-Feira (22), policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Morro do Vidigal (RJ), em meio a uma operação na zona, atiraram contra Willian Mendonça Santos, que que veio a óbito pouco tempo após os disparos.

Segundo testemunhas, o gari havia recém chegado do trabalho. Ainda com as vestes do serviço, ao ouvir os disparos e não encontrar seu filho mais novo em casa, Willian saiu para procurá-lo. Descendo as escadas gritou aos policiais que era morador e que saía em busca do filho. Ainda assim, William foi atingido por pelo menos dois disparos. 

Os moradores também afirmam que os PMs alteraram a cena do crime. Segundo testemunhas, após a realização dos disparos, os policiais enrolaram o corpo de Willian em um lençol e colocaram na viatura. 

No mesmo dia, moradores se reuniram para realização de um ato pacífico pela memória e justiça de William e contra a violência policial no Morro do Vidigal. A manifestação, que contava com homens, mulheres e crianças do bairro, foi violentamente contida pela polícia.

A página “Parceiros do Vidiga”, que reúne no facebook notícias dos moradores do bairro, fez um relato sobre o ocorrido:

“Hoje à tarde, a polícia matou com dois tiros um gari comunitário na favela do Vidigal. 

Como tem sido praxe, determinados plantões entram no morro atirando e simulam “troca de tiros com marginais”. Foi o que aconteceu mais uma vez hoje à tarde. Véspera de feriado, ponto facultativo nas escolas públicas, sinônimo de crianças brincando nas ruas. Ao ouvir os tiros, o gari comunitário William, conhecido como Nera, saiu de casa em busca do filho. Deu de cara com os policiais e se identificou: ‘sou morador, estou procurando meu filho!’, uma vizinha o ouviu dizer. Em seguida, ela ouviu os tiros que mataram o trabalhador. Os mesmos assassinos fardados que mataram o morador, o enssacaram, desceram com o embrulho e o jogaram no carro da polícia, saindo de cena. A notícia se espalhou de imediato entre os moradores via redes sociais. Logo houve a organização de uma manifestação dos moradores, com caráter pacífico como fizemos no mês passado. Homens, mulheres, crianças, todos reunidos na entrada principal da favela, com cartazes que pediam paz, palavras de ordem e gritos pedindo por justiça. Os próprios organizadores da manifestação ajudavam na organização, também como foi feito no mês passado. Chegou o Choque, com policiais mascarados que se concentraram por uns dez minutos afastados dos manifestantes para, em seguida, reprimir a manifestação com truculência.(…)”

Em nota, a Polícia Militar justificou a morte do trabalhador afirmando que os militares haviam sido atacados por criminosos durante o patrulhamento de rotina e que, ao cessarem os disparos, depararam-se com o corpo da vítima, que foi levado para o hospital municipal Miguel Couto.


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