Na última sexta-feira (14), o Conselho Constitucional da França validou o projeto de reforma da Previdência e rejeitou a proposta de organizar um referendo de iniciativa compartilhada. Depois da validação, Emmanuel Macron promulgou imediatamente a lei, sem esperar as duas semanas que lhe foram dadas pela instituição para fazê-lo. Contra a reforma e essas ações, os sindicatos e organizações do país chamam uma mobilização ainda maior para o dia primeiro de maio de 2023.
Macron disse que daria mais explicações sobre a implementação do texto que promulgou em pronunciamento para o país, o qual realizou na última segunda-feira (17). Entre outras coisas, Macron afirmou que a reforma é necessária para continuar investindo nos serviços públicos e para não endividar o país.
Segundo a organização Révolution Permanente, o objetivo do pronunciamento, que durou cerca de quinze minutos, foi dar a ilusão de que recuperou politicamente a situação. “Depois de insistir na legitimidade de sua reforma previdenciária, ‘adotada de acordo com as disposições de nossa Constituição’, Macron falou longamente sobre os três projetos de que vem falando desde o início de seu segundo mandato de cinco anos: trabalho, ordem republicana (incluindo a repressão e a caça aos imigrantes) e progresso para uma vida melhor”, acrescentam.
O tema tem suscitado diversos debates e posições no país. Chamou a atenção da parte da extrema direita a fala de Marine Le Pen em entrevista ao Le Figaro. Le Pen disse que em meio a crise social e política, Macron tem três opções a partir da Constituição: o referendo, a dissolução da Assembléia Nacional e a renúncia do Presidente da República.
Durante o pronunciamento do presidente, diversos sindicatos e organizações chamaram os franceses para se reunirem em frente às prefeituras, para boicotar o discurso televisionado e para fazer oposição a Macron. “É o sinal de um fermento democrático que está sendo expresso em toda parte na França, contra o golpe de força do governo. E de uma mobilização que está crescendo em todo o país. Macron não nos ouve? Nós também não o escutamos!”, escreve a organização Attac France.
E a mobilização contrária a política de Macron segue ainda viva e com a perspectiva de aumentar. Os sindicatos, partidos e organizações estão organizando uma nova jornada de lutas prevista para o dia primeiro de maio de 2023.
“A batalha pela retirada da contra-reforma não está, portanto, terminada. Primeiro porque a greve pode recomeçar em uma série de setores ainda mobilizados, mas também porque temos os meios para ter sucesso em novos dias de mobilização. Neste contexto, o dia internacional de luta dos trabalhadores, segunda-feira 1º de maio, deve ser marcado por uma explosão popular nas ruas. Por que não fazer dela uma grande manifestação nacional com uma subida a Paris, para dar a mais maciça expressão à raiva popular contra Macron e seu poder iníquo?”, escreve o Nouveau Parti Anticapitaliste (NPA).