As categorias de trabalhadores do Rio de Janeiro, que prestam serviços essenciais para a população como os de limpeza e transporte, entraram em greve no mês de março diante das péssimas condições salariais e de insalubridade. Essa situação não é nova: há anos esses setores se encontram cada vez mais precarizados, com a deterioração da condição de vida pela corrosão dos seus salários não reajustados, pela alta nos alimentos e aluguéis, entre outros custos de vida. As respostas da Justiça frente às greves são de boicotes e multas diárias para dissuadir os movimentos, com ameaças constantes.
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Os garis do Rio de Janeiro começaram sua greve na manhã do dia 28 de março, reivindicando na sua paralisação um reajuste de 25% nos salários, que não são reajustados há três anos; 25% no tíquete alimentação; a conclusão do Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS); e a implantação do Adicional de Insalubridade para os Agentes de Preparo de Alimentos (APAs).
A proposta anterior à greve feita pela Comlurb foi de um aumento de 2,5%, sendo revista em mesa de negociação para um reajuste de 4%.
No dia 23 de março, em votação unânime em assembleia geral, o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (SIEMACO-RIO) comunicou o estado de greve por tempo indeterminado pelas tentativas insatisfatórias de negociação com a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB).
A entidade afirmou em nota estar disposta até o dia 28 de março para dialogar com a companhia e prosseguir os acordos, entretanto a única contraproposta oferecida foi de 5% aos 4% que haviam sido propostos anteriormente.
Na última quinta-feira (31/03), foi apresentada uma nova proposta salarial de reajuste aos garis do Rio em uma audiência de conciliação, com reajuste escalonado de, aproximadamente, 10% ao longo do ano de 2022. O reajuste parcelado foi rejeitado pela categoria, que deu sua resposta de negação com a continuação da paralisação.
Entretanto, no dia seguinte a audiência (01/04)a SIEMACO decidiu suspender a greve por conta das chuvas fortes que ocorreram no município, pois o sindicato compreendeu que o acúmulo de lixo poderia piorar ainda mais a situação urbana como ocorre pelas enchentes. Mesmo prestando o serviço, até o momento não houve uma contraproposta feita pela Prefeitura do Rio e pela Comlurb sobre as reivindicações da categoria.
No último sábado (02/04), a Comlurb obteve na Justiça uma ação para impedir que funcionários da companhia em cargos de gerência, além do presidente do sindicato, mantenham-se afastados em pelo menos 50 metros de qualquer posto de gerência na cidade. A multa por descumprimento dessa decisão é de R$ 10 mil.
Nesta segunda-feira (04/04), a categoria retomou a greve após a suspensão, totalizando no momento 7 dias de greve contando desde seu início. Em vídeo publicado no mesmo dia nas redes sociais, o presidente da Siemaco-RJ, Manoel Meireles, relata que os trabalhadores baixaram os termos de suas reivindicações e autorizaram que o sindicato negociasse reajuste de 15% dos salários e do tíquete alimentação.
Na semana passada, a Justiça do Trabalho considerou a greve abusiva e determinou uma multa diária de R$ 200 mil ao sindicato. O Siemaco-Rio, no entanto, entrou com um recurso para suspender a decisão.
São diversas as afrontas que esses trabalhadores passam cotidianamente, tanto judiciais quanto da mídia burguesa, que tende a mostrar a greve como um empecilho para a ordem e saneamento das cidades, com seus relatos de moradores reclamando das sujeiras sem sequer problematizar a própria falta de estrutura urbana.
Todo apoio as greves e as reivindicações dos trabalhadores da SIEMACO-RJ!