“No próximo dia 12 de setembro será realizado um grande ato na Av. Paulista, em São Paulo/SP, pelo impeachment de Bolsonaro, ato que convocamos e participaremos. Nossa linha é, sempre, frente ampla em defesa do Brasil e da democracia”, conclui a nota (leia na íntegra ao final da notícia).
Segundo o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, “há divergências ideológicas que lá na frente podem nos colocar em lados opostos, mas, nesse momento, é preciso estar junto pelo que nos une”.
A Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) não assina a nota, mas seu presidente, Adilson Araújo, confirmou que a central participará do protesto do dia 12.
Segundo Araújo, “qualquer manifestação em defesa da democracia e pelo Fora Bolsonaro contará com a participação da CTB. Bolsonaro e seus arroubos autoritários passaram a ser uma ameaça para o país e justificam estar na rua independente da ideologia”.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) emitiu nota afirmando que “não participará, não convocará e não faz parte da organização de nenhuma manifestação/ato, anunciada para o próximo dia 12 de setembro”.
As centrais sindicais foram historicamente importante para organizar a luta dos trabalhadores no Brasil e no mundo. Se tratava de uma forma de aglutinar as organizações sindicais locais e organizadas por categorias em uma central única e nacional.
Desde 2008, quase todas as centrais foram formalmente vinculadas ao Estado através da lei 11.648. As únicas centrais que não são “legalizadas” e críticas à legislação trabalhista implementada pelo governo Lula da Silva são as pequenas centrais de esquerda: Intersindical (Central da Classe Trabalhadora e Central Sindical e Popular) e a Conlutas (CSP-CONLUTAS).
Atualmente, as principais centrais são dirigidas por partidos de direita e defende as pautas da agenda burguesa.
A Força Sindical é dirigida majoritariamente pelo Solidariedade, ainda que tenha presença do PDT. A UGT é dirigida pelo Partido Social Democrático (PSD) de Kassab. A NCST é vinculada aos partidos do assim chamado “centrão”.
A proposta da manifestação deste domingo é articular um polo contrário ao governo Bolsonaro que possa se consolidar como uma terceira via ao capital. Para consolidar uma candidatura que não seja nem Bolsonaro, nem Lula, os grupos articulam nomes como Luiz Henrique Mandetta, João Amoedo, Simone Tebet (MDB) e Alessandro Vieira (Cidadania).
“Na nossa leitura, a gente vê que o governo federal ficou enfraquecido por conta dos atos e partidos da base como PSDB, PSD, MDB e Solidariedade já sinalizam a favor do impeachment, o que demonstra a criação de um ambiente político para a pauta, o que é extremamente importante. Também é importante que a manifestação popular crie corpo”, defende o vereador paulistano Rubinho Nunes (PSL), uma das principais lideranças do Movimento Brasil Livre.
Leia a nota das centrais:
Bolsonaro ultrapassou todos os limites. A hora é de decisão!
Foi deplorável a participação do Presidente Jair Bolsonaro nos atos antidemocráticos realizados no dia que deveríamos comemorar o 199º aniversário da Independência do Brasil. É inquestionável que o objetivo do Presidente e de seus apoiadores é dividir a Nação, empurrar o país para a insegurança, o caos e a anarquia, resultado da reiterada incitação ao rompimento da legalidade institucional, do descumprimento dos preceitos contidos na nossa Constituição democrática.
Os discursos do Presidente soam como confissão: agitar contra a democracia e o Supremo Tribunal Federal é crime tipificado na Constituição da República Federativa do Brasil – crime de responsabilidade, no qual ele deve ser enquadrado imediatamente, abrindo-se o processo de impeachment. A Câmara dos Deputados, o Senado Federal, a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal tem a obrigação de cumprir com seu papel constitucional e implementar o processo de impedimento, sem tergiversações.
A pauta única de Bolsonaro, golpista e antidemocrática, é tão evidente que não ouvimos do presidente nenhuma palavra para aliviar a situação grave do emprego, do preço da carne e, principalmente, da cesta básica, dos aumentos da energia elétrica e dos combustíveis, dos baixos salários, ou seja, nada que interesse à população e aos trabalhadores ou que aponte para um projeto para o pais. Seu único interesse é permanecer aferrado ao poder mesmo que isso signifique romper a legalidade democrática, visto que é cada vez mais evidente seu isolamento político e a perda de apoio popular, em suma, seu projeto de reeleição escorre entre os dedos.
Conclamamos todos os setores políticos democráticos, as organizações representativas da sociedade civil, o mundo da ciência e da cultura, os trabalhadores e suas entidades sindicais a cerrar fileiras em defesa da democracia e das instituições da República. A maioria da população tem pronunciado que não aceita os ataques do presidente às instituições constituídas.
No próximo dia 12 de setembro será realizado um grande ato na Av. Paulista, em São Paulo/SP, pelo impeachment de Bolsonaro, ato que convocamos e participaremos. Nossa linha é, sempre, frente ampla em defesa do Brasil e da democracia!
É hora de decisão e a decisão clara é impeachment já!
São Paulo, 8 de setembro de 2021.
Miguel Torres, Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Antonio Neto, Presidente da CSB, (Central dos Sindicatos Brasileiros)
José Reginaldo Inácio, Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)