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Opinião

Menos Marx, mais Mises

As disputas por hegemonia no ensino superior brasileiro por parte das think tanks liberais

Imagem: Edição UàE a partir de foto da Editora Boitempo.
13 de setembro, 2021 09:07

Evandro Coggo Cristofoletti para UàE*

Nos últimos anos, frases como ‘menos Marx, mais Mises’ foram vistas em manifestações e redes sociais da direita. Tal frase pode ilustrar um dos elementos necessários para se entender o cenário atual: a reivindicação de uma troca teórica, ideológica e política baseada na ideia de que, no Brasil, o marxismo povoa a cultura e a educação – troca em favor de perspectivas liberais no campo da economia. Seria extensivo mencionar, neste texto, as ramificações desta ideia, que podem perpassar pelo argumento de ‘doutrinação esquerdista’, ‘marxismo cultural’ (acusando-se especialmente Antonio Gramsci e Paulo Freire), ‘ideologia de gênero’, dentre outros. O próprio Escola Sem Partido, por exemplo, poderia ser citado. Além deste fenômeno, observamos a política de austeridade que vem engendrando a atuação do Estado. Diante deste panorama, o campo da educação e da educação superior passou a ser alvo de questionamentos e ataques neste sentido. Um dos tipos de organizações que realizam este movimento de articulação política e ideológica são as chamadas ‘think tanks liberais’.