Depois de meses de estiagem e análises acerca da crise hídrica brasileira, o governo reconheceu a gravidade da situação. A declaração foi sucedida pelo anúncio de que as contas de luz vão aumentar ainda mais.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou e divulgou nesta terça-feira (29) o reajuste na bandeira tarifária vermelha patamar 2. A tarifa é uma cobrança adicional aplicada às contas de luz quando há aumento no custo de produção de energia. A cobrança aumentou 52%, de R$ 6,24 a cada 100kWh consumidos, o preço será de R$ 9,49.
A anúncio aconteceu um dia após o ministro de Minas e Energia, Bento Alburquerque, fazer pronunciamento na televisão em que afirmou que o país passa por um momento de crise hídrica. É a maior estiagem em 91 anos.
O novo valor passa a valer em julho e a previsão é de que permanece ao menos até novembro.
As outras bandeiras também passaram por reajuste. Bandeira amarela passou de R$ 1,34 para R$ 1,874 por 100 kWh e a bandeira vermelha 1, de R$ 4,16 para R$ 3,971.
Além do aumento nas contas em julho, as famílias podem enfrentar aumento ainda maior a partir de agosto.
A Aneel já prevê novos aumentos na fatura de luz para os próximos meses. Ainda na terça-feira (29), a agência abriu consulta pública para uma segunda correção de valores.
A previsão inicial é que a bandeira vermelha 2, patamar tarifário mais elevado, possa ser elevada para até R$ 11,50 por kWh a partir de agosto.
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Segundo estimativas, a bandeira vermelha 2 deve representar um aumento de 8,12% na conta de luz. Ou seja, o gasto no valor de R$ 150 em junho deve aumentar para R$ 162,18.
O aumento na conta de luz é uma forma do governo empurrar os gastos da crise sobre os ombros dos trabalhadores. Mesmo enfrentando crises similares no passado, a política do Estado continuou desprezando setores estratégicos da produção e distribuição de energia. A toque de caixa, o governo chegou a aprovar a proposta de privação da Eletrobras no Congresso Nacional. Sem uma política adequada e agindo de forma tardia para conter a crise hídrica, o governo agora tem que apostar no uso de usinas termelétricas (mais caras e mais poluentes) para garantir o fornecimento de energia. Os custos adicionais, estimados em R$ 9 bilhões pelo ministério de Minas e Energia, deve ser repassado aos consumidores.
Maior crise hídrica
O Brasil enfrenta, hoje, a maior estiagem em 91 anos. Desde 1931, quando começaram os registros, o Sistema Interligado Nacional (SIN) nunca esteve com menor afluência.
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Tendo em vista que 70% da energia utilizada no país provém das hidrelétricas, a crise hídrica se torna uma crise energética. A previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é de que pelo menos oito hidrelétricas da região sudeste devem estar com seus reservatórios próximos ao colapso até dia 30 de novembro.
Estas usinas, localizadas na bacia do Rio Paraná, representam 53% de todo o armazenamento de água do país.
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