O escândalo envolvendo a compra da vacina Covaxin alterou novamente a conjuntura política nacional. O desgaste promovido pela CPI da Covid impulsionou um novo dia de atos em todo o país para acontecer no próximo sábado (3).
A convocação dos atos nacionais tem sido feita pela Campanha Fora Bolsonaro. Ela é composta pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúne partidos, centrais sindicais e movimentos sociais.
O depoimento dos irmãos Miranda a CPI da Covid, na sexta-feira (25), trouxe novo impulso para as disputas entre as forças do alto escalão do Estado. Os conflitos se intensificaram em abril, quando a CPI começou os trabalhos. Desde o dia 29 de maio, porém, o governo começou a ser atacado também por baixo, através dos atos de rua.
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Os atos nacionais voltaram a se repetir, com mais força e mais extensão, no dia 19 de julho.
Na semana passada, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo marcaram um novo ato para dia 24 de julho, o que representaria um intervalo longo de cinco semanas entre um ato e outro. Com as novas informações levantadas pela CPI da Covid, a pressão por novos atos cresceu. Um ato espontanêo chegou a ocorrer na capital paulista neste sábado (26).
Devido ao desgaste do governo Bolsonaro, um novo ato nacional foi marcado para este sábado (3).
Além do ato nacional, está sendo organizado uma manifestação em Brasília nesta quarta-feira (30), às 17h, para entregar um “superpedido” de impeachment. A manifestação deve ocorrer do lado de fora do Congresso Nacional. O ato nacional para dia 24 de julho também está mantido.
As informações coletadas pela CPI na última sexta revelam suposto esquema de fraude na negociação para a compra da vacina Covaxin entre o Ministério da Saúde e a empresa Precisa Medicamentos, representante brasileira do laboratório indiano Bharat Biotech.
Segundo depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF), assim que ele informou Bolsonaro sobre as suspeitas, o presidente mencionou o nome do deputado Ricardo Barros (PP-PR), como responsável pelo esquema pela compra da vacina Covaxin.
Barros é líder do governo na Câmara. O deputado também foi ministro da Saúde durante o governo Temer. Sob sua direção, o Ministério se envolveu na compra de medicamentos com a Global, sócia da Precisa, que nunca foram entregues a pasta. A Global segue sendo investigada.
Atos Nacionais
No dia 29 de maio, a esquerda retornou ao cenário político com o primeiro ato nacional de rua contra o governo Bolsonaro. A mobilização ocorreu em cerca de 213 cidades brasileira, em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Ocorreram também cerca de 14 atos em outros países.
A manifestação foi grande em algumas capitais, principalmente em São Paulo. Na Paulista, os manifestantes chegaram a ocupar sete quarteirões reunindo mais de 80 mil pessoas. Estima-se que 500 mil pessoas foram às ruas em todo o país.
No dia 19 de julho, os atos foram ainda maiores. Mais de 750 mil pessoas estiveram nas ruas do país. Segundo organizadores, houve atos em ao menos 366 cidades do Brasil, incluindo as 27 capitais, e em 42 cidades do exterior em 17 países.
A Campanha Fora Bolsonaro, capitaneadas pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, reúne desde partidos e centrais até movimentos sociais. No entanto, as diferentes organizações tem colocado pesos diferentes nos atos. No dia 29, centrais como CUT não promoveram o chamado.
A pauta unitária dos atos é o Fora Bolsonaro. Em torno deste ponto, os chamados pleiteiam um projeto emergencial de vacinação nacional junto à políticas efetivas de combate à pandemia do coronavírus, como aumento no valor do auxílio emergencial.
A mobilização, convocada em plena pandemia, é necessária e urgente. Afinal, o governo Bolsonaro se mostrou mais letal que o próprio vírus Sars-Cov-2.
A política do governo federal levou a morte de mais de 510 mil brasileiros. Durante a pandemia, o governo Bolsonaro vem atuando ativamente para agravar o quadro nacional. O governo rejeitou por seis meses a compra de vacinas da Pfizer, ignorou o alerta de falta de oxigênio no Amazônia, propaga o uso de medicamentos não recomendados ao tratamento da doença, atua contra medidas de segurança (como lockdown e uso de máscaras), entre outras ações. Agora, tudo indica que também houve esquema de corrupção envolvendo a compra da vacina Covaxin.
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Além da sua política assassina, o governo tem liquidado nosso patrimônio e rifado nossos direitos. O governo tem acelerado a privatização de setores estratégicos para o povo brasileiro, tem liquidado o orçamento das universidades públicas, e vem atuando para rebaixar as condições de trabalho.
Em seu governo, a capacidade de consumo da classe trabalhadora é corroída de um lado pela crescente inflação, de outro, pelo crescente desemprego.
Suspeitas envolvendo a compra da Covaxin:
1. Bolsonaro prevaricou ao não fazer nada após ser informado das suspeitas.
2. Empresa que recebia o dinheiro pode ser empresa de faixada.
3. Houve sobrepreço na compra da vacina.
4. Despesa foi feita de maneira antecipada
5. Polícia Federal não foi acionada para investigar a compra
6. O que significa o pagamento ser destinado a uma empresa intermediária em Singapura?
7. Governo aceitou negociar com empresas brasileiras com pendências na Justiça