Povo palestino luta contra remoções e repressão brutal de Israel
Palestinos vão às ruas em diversas cidades enquanto Israel bombardeia Gaza
Por Renato Milis, redação do Universidade à Esquerda
12 de maio, 2021 Atualizado: 00:12
A repressão grotesca do Estado de Israel, que está bombardeando desde a noite de ontem a faixa de Gaza, não foi capaz de parar as lutas do povo palestino. Manifestações estão ocorrendo em diversas cidades na luta contra as remoções de palestinos em Jerusalém e contra a brutal opressão de Israel.
Desde ontem o povo palestino tomou às ruas de Hebron, Ber Alsaba, Jenin, Turkham, Bethlehm, Qalqilia, no campo de refugiados de Qaulandia, Nazareth, Majd Lekroum, Jdaidah Almakr, Kufr Kanna, Nahaf, Der Hannah, Shafa Amro, Kufr Manda, Salfit, Nablus, Lud e também em algumas áreas de Gaza. Muitos protestos também ocorrem em Jerusalém oriental.
A luta por Sheik Jarrah e contra o terrorismo de Estado de Israel nas últimas semanas
O terrorismo do Estado de Israel é constante contra os palestinos, em Gaza e no conjunto dos territórios ocupados. No entanto, nos últimos dias a brutalidade se intensificou numa tentativa de silenciar a luta do povo palestino que tem realizado um conjunto de revoltas desde o fim de abril.
No início do último mês, os moradores do bairro palestino de Sheik Jarrah em Jerusalém oriental iniciaram uma forte luta contra a remoção de famílias do bairro por ordem das forças repressivas de Israel. A remoção das famílias é uma movimentação em direção a um projeto de tomada de Jerusalém oriental pelo Estado israelense. De acordo com o que informa o Esquerda Online, há inclusive um projeto de construir 600 unidades habitacionais para colonos sionistas.
Como é sua forma típica de agir, o Estado de Israel utiliza métodos métodos de força – com ataques das forças policiais israelenses e de milícias de colonos armados no bairro. As tentativas são de aterrorizar os moradores para que abandonem suas casas, e mesmo de invadi-las e expulsá-los.
A luta contra as remoções ganha um significado ainda maior do que a própria defesa das famílias que serão despejadas. Trata-se de uma luta com contornos estratégicos contra a política de ocupação sionista e devastação do povo palestino por parte do Estado israelense. A tomada dos bairros de resistência palestina em Jerusalém pode ser a abertura para a aceleração da política terrorista de massacre dos palestinos e a tomada do conjunto dos territórios.
Frente a isso, os moradores palestinos de Jerusalém oriental têm realizado um conjunto de atos e protestos e resistido às investidas terroristas no bairro de Sheik Jarrah. Como informam o jornalista palestino Yunes Arar e o portal Eye on Palestine A partir do dia 23 de abril sua luta se amplificou. Milhares de manifestantes enfrentaram as forças de repressão na altura do portão de Damasco, num dos antigos muros que separam a cidade, e as fizeram recuar por algumas horas. A manifestação foi fortíssima e logo ganhou apoio de palestinos em diversas cidades e campos de refugiados.
Grandes manifestações ocorreram no dia 24 de abril. E desde então os atos se tornaram mais fortes.
Estado de Israel responde com repressão grotesca
Nas últimas semanas a repressão do Estado de Israel sobre os palestinos também cresceu. Ocorreram incursões das forças repressivas e de milícias de colonos no bairro de Sheik Jarrah, bem como ações repressivas no complexo da mesquita de Al Aqsa, também em Jerusalém oriental.
Ontem, 10/05, as forças repressivas realizaram um ataque duríssimo na mesquita de Al Aqsa durante um evento do Ramadã. Cerca de 300 palestinos ficaram feridos, mais de 200 foram hospitalizados. O ataque e um posterior incêndio nas imediações do complexo foram festejados numa manifestação nojenta de civis sionistas do outro lado muro em Jerusalém.
Foto: cápsulas de bombas de gás e balas de borracha usadas no ataque a mesquita de Al Aqsa em 11/05
Ainda ontem, o Estado de Israel iniciou um bombardeio aéreo na faixa de Gaza. Mais de 20 palestinos foram mortos, sendo ao menos 10 crianças. Prédios residenciais estão sendo atingidos. O bombardeio ainda não parou. Há cerca de duas horas mais um prédio residencial foi atacado deixando mortos e feridos.
Os bombardeios estão sendo justificados como retaliações a foguetes que teriam sido lançados pelos braços armados de Hamas e Jihad islâmica em função do ataque a Al Aqsa.
Além dos bombardeios, assassinatos, prisões arbitrárias e sequestros estão acontecendo por parte do Estado de Israel.
Solidariedade internacional e imperialismo
Manifestações de apoio a luta do povo palestino estão sendo realizadas por trabalhadores ao redor do mundo. Na Colômbia, que vive também um momento de acirramento das lutas e em que os trabalhadores enfrentam uma brutal repressão do Estado, os palestinos têm sido lembrados nas suas manifestações. Atos de apoio também ocorreram em: Ankara, Londres, Chicago, Amsterdam, Oslo, Paris, Santiago.
Já os chefes de Estado dos países imperialistas não condenaram (e não irão condenar e impor sanções) às ações de Netanyahu e de Israel. Até agora apenas pronunciamentos pedindo a “desescalada do conflito”. O apoio incondicional do imperialismo à Israel estão relacionados aos interesses geopolítiocos e econômicos do grande capital na região, e tendem a se beneficiar da política expansionista e do fortalecimento do Estado terrorista.
Universidade e trabalhadores brasileiros
Nas universidades brasileiras o silêncio sobre a luta palestina é a realidade na maior parte das salas de aulas virtuais, e também dos movimentos. Assim como é com a luta de nossos irmãos colombianos. Uma universidade comprometida com a vida dos povos, com capacidade crítica, pode silenciar sobre esse momento?
Uma análise séria e crítica poderia revelar que há mais proximidade entre Cali, Gaza e Jacarezinho do que individualmente podemos imaginar. E também pode revelar com a particularidade de cada situação, de cada luta popular contra violência do imperialismo, lições valiosas para às lutas de cada um pela emancipação. Quem sabe com isso, estreitamos nossos laços de solidariedade!
Algumas entidades dos trabalhadores tem manifestado seu apoio ao povo palestino e ao povo colombiano. E em algumas cidades do país atos de solidariedade têm sido realizados. Mas, me pergunto como entidades dos trabalhadores não há nada mais que possamos fazer para contribuir com suas lutas?