Em assembleia iniciada na noite do último dia 06 (terça-feira), os metroviários de todas as linhas de São Paulo (SP) decretaram Greve Sanitária para o dia 20/04. A decisão ocorreu em decorrência de o governo e a direção do Metrô rejeitarem o Plano de Emergência apresentado pelo Sindicato dos Metroviários, além de não vacinarem os trabalhadores, que são considerados essenciais.
Na assembleia estiveram presentes 1.023 votantes, dos quais 661 (64,6%) foram favoráveis à greve. Dentre as reivindicações aprovadas estão: vacinação urgente para os metroviários e demais trabalhadores do transporte público; que os governos implementem o lockdown; auxílio emergencial; e que sejam acatadas as diretrizes descritas no Plano Emergencial apresentado pelo Sindicato.
Os metroviários não pararam de trabalhar um dia sequer desde o início da pandemia, estando cotidianamente expostos à Covid-19. O transporte público é o segundo lugar de maior risco de contaminação no país, logo após os hospitais, o que coloca em risco tanto os trabalhadores do transporte quanto aqueles com quem eles entram em contato cotidianamente.
As três categorias de trabalhadores formais com maior número de mortes continuam fora do planejamento de vacinação. E seguem se expondo ao máximo no trabalho diário.
A direção do Metrô de SP até o momento segue se negando a disponibilizar o número oficial de trabalhadores que foram contaminados pela Covid-19. Porém, de acordo com dados recolhidos pelo Sindicato, pelo menos 1.147 trabalhadores já foram afastados por terem contraído o vírus ou por suspeita; 22 morreram apenas no transporte metroviário da empresa estatal (linhas 1, 2, 3 e 15). Dados que não abarcam os contaminados e mortos no metrô já privatizado e os motoristas e cobradores de ônibus em SP.
O novo protocolo da empresa de metrô alterou, de forma irresponsável, uma orientação em que autoriza o retorno de trabalhadores que foram diagnosticados com Covid-19 mesmo que com apresentação de teste PCR positivo, em casos leves. A medida foi tomada ainda que estudos científicos mostrem que o vírus pode permanecer na pessoa infectada por longos períodos e que, mesmo sem sintomas ou gravidade, pode transmitir para outras pessoas.
Além dos ricos com a pandemia da Covid-19, a categoria que vem trabalhando diuturnamente para manter os principais meios de transporte da capital paulista durante a pandemia está há 2 anos sem reajuste salarial, com Steps cortados e PRs sem previsão de pagamento. Além das diversas demissões, terceirizações e perda de adicionais. Realidade que atinge de forma brutal os trabalhadores em meio a crise, os quais sofrem diariamente para colocar os alimentos essenciais na mesa.
“Votamos essa paralisação do metrô no dia 20, diante do cenário caótico que nos encontramos com todos os desdobramentos da crise e a partir desse chamado dos transportes em SP. Algumas categorias em outros estados também estão chamando paralisação para esse dia. Por isso precisamos construir esse dia pela base com assembleias e reuniões em cada local de trabalho, democráticas, onde todos os trabalhadores possam falar e fazer propostas para a luta, uma luta que levantamos pela vacinação e contra todos os ataques, por isso precisamos organizar pela base, unir todas as categorias em torno dessa luta e massificar essa luta em escala nacional em diálogo aos trabalhadores em luta por todo o país.
A necessidade da auto organização se coloca com ainda mais força quando vemos a postura das centrais sindicais como a CUT e a CTB que não estão organizando a luta, o que ficou claro no dia 24, pois tem uma política de concentrar tudo em 2022, enquanto as mortes estão acontecendo agora, os trabalhadores da linha de frente estão na linha de frente agora. Por isso esse chamado e a importância da unidade de todas as categorias que organizam desde a base esse dia de luta.”
Além da paralisação do dia 20/04, a categoria decidiu por participar do Dia de Luto e de Luta em 16/04. Dia em que os metroviários trabalharão sem uniforme, vestindo preto e com adesivos denunciando a atual situação.