Nesta quarta-feira, dia 24/03, trabalhadores de todo o país aderiram ao Dia Nacional de mobilização e paralisação em defesa dos serviços públicos. Os trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), vinculados ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Santa Catarina (Sintufsc), organizaram uma série de atividades ao longo de todo o dia.
Este dia faz parte de um calendário de lutas aprovado na última plenária da federação da qual o Sintufsc faz parte, a Fasubra. Como pautas aprovadas em assembleia estavam a construção de uma Greve Geral dos trabalhadores; a construção de greve conjunta dos servidores públicos; a luta contra a Reforma Administrativa; a luta contra as privatizações; pela auditoria cidadã da dívida; vacinação para todos já; fora Bolsonaro; lockdown em Santa Catarina; contra o retorno das aulas presenciais; e em defesa da ciência e da universidade.
O dia na UFSC começou com um ato em memória aos mortos pelo covid-19, os trabalhadores espalharam 250 cruzes pelo campus trindade para simbolizar as vidas perdidas e lembrar que elas são muito mais que números. Este ato simbólico se dá em um momento em que o estado de Santa Catarina se aproxima do marco das 10 mil mortes por Covid. Além de lembrar os mortos dessa tragédia política que vivemos, os trabalhadores reivindicam vacinação para todos e medidas que garantam a possibilidade dos trabalhadores não terem que escolher entre morrer de Covid ou morrer de fome.
Confira alguns dos registros das cruzes espalhadas pelo campus trindade da UFSC:
Cruzes do ato dos trabalhadores em frente da Reitoria da UFSC e faixas contra reforma administrativa e o arrocho; pela vacinação e por Fora Bolsonaro*
Cruzes do ato dos trabalhadores na lateral da Reitoria*
Cruzes do ato dos trabalhadores na lateral da Reitoria*
Cruzes do ato dos trabalhadores na rótula do Centro de Eventos.*
Cruzes do ato dos trabalhadores na rótula da Lauro Linhares*
Depois desse ato, os trabalhadores foram em cortejo até a casa do governador entregar um caixão. A entrega a Carlos Moisés simboliza a sua política de morte que não atuou para mitigar os danos da pandemia. Moisés, assim como o grande empresariado catarinense, como Bolsonaro e como a grande burguesia nacional optaram por uma política de expor os trabalhadores ao contágio descontrolado e à crise econômica. Sem medidas eficientes de vacinação e de garantia de renda.
Ato de entrega caixão na casa do governador*
A morte entrega caixão ao governador de SC*
Na parte da tarde, o Sintufsc promoveu uma live para debater a Reforma Administrativa/PEC 32 e suas consequências ao serviço público. Participaram do debate Marcos Palmeira, advogado especializado em Direito Público e Direito Tributário e Antonio Marcos Machado, diretor do sindicato.
Banner da Live. Fonte: Sintufsc
Além dessas atividades um caminhão com telão de led circulou pela cidade para informar e alertar a população sobre a gravidade do momento que vivemos no país por causa da falta de gestão do Governo Federal no combate à pandemia.
Caminhão com telão de led na Beira Mar. Fotos: MidiaSmart
Caminhão com telão de led no continente. Fotos: MidiaSmart
Em relação as atividades realizadas em na UFSC, o Coordenador do Sintufsc, Renato Ramos Milis, avaliou que:
A paralisação e os atos de ontem (24/03), foram ações de coragem. Frente a um cenário com muitas dificuldades, realizamos não o “possível” mas o correto. As condições não são simples, há pouca mobilização (poucas categorias aderiram a paralisação e muitos de nossos colegas furaram), mas isso não nos impediu. Isto é o fundamental. Coragem pra construir uma luta que não se encerre apenas na defesa particular de nossas categorias ou dos “servidores públicos”. Coragem pra lutar contra a política de morte que foi imposta a nós trabalhadores brasileiros – para exigir um plano de sério de vacinação e medidas de controle do contágio. Mas, não só. Lutar contra as medidas de destruição das condições de vida dos trabalhadores – que passam pelo arrocho aos trabalhadores do serviço público, pela alta dos preços dos alimentos, aluguéis, combustíveis (e do conjunto das mercadorias essenciais para vida de todos) e conectadas com isso as privatizações de estatais dos setores estratégicos da economia como Petrobrás, Eletrobrás, Correios. Coragem pra lutar pela saída de Bolsonaro e sua corja de pilantras. E também de humildade para saber que não conquistaremos isso sozinhos, e portanto mais coragem pra exigir a construção da greve geral dos trabalhadores! Com isso, lutar também com todos aqueles que preferem esperar 2022 e não constroem efetivamente esta luta, como as grandes centrais sindicais que dirigem não só a maior parte, mas os principais sindicatos desse país como a CUT, Força, CTB (entre outras) que entregaram os trabalhadores novamente como fizeram com a reforma trabalhista e com a da previdência. Esta é a direção do nosso movimento. E nós tivemos coragem de toma-la. Coragem de lembrar nossos irmãos e irmãs levadas não só pelo vírus, mas pela tragédia política que nos encontramos no Brasil. Um pequeno, minúsculo talvez, mas importante, passo para construir uma luta capaz de derrotar Bolsonaro. Nós não pararemos por aí!
Os trabalhadores do serviço público tem na defesa de suas condições de trabalho também a responsabilidade da defesa ampla das condições de trabalho de toda a classe. A degradação da carreira é também a degradação de todo o aparato de serviços básicos públicos e consolida um projeto de país cada vez mais subordinado aos interesses do grande capital. Diante do massacre vivido pela classe trabalhadora, seja pelo Covid ou pela perda de capacidade de consumo, só nos resta construir a luta coletiva. As atividades deste dia na UFSC apontam nesta direção mas ainda há um longo caminho na construção dessa luta coletiva.