Ontem (19/11) um homem negro de 40 anos foi assassinado por dois seguranças de uma loja da rede de supermercados Carrefur. João Alberto Silveira Freitas foi espancado até a morte no estacionamento do supermercado em Porto Alegre (RS), na véspera do Dia da Consciência Negra. A solidariedade com a vítima endossou atos que ocorrem hoje por diversas capitais do país.
Em razão do Dia da Consciência Negra (20/11) e em solidariedade à vítima, diversos atos anti racistas estão ocorrendo hoje e nos próximos dias. Em Belo Horizonte (MG) manifestantes reuniram-se desde às 15h no Centro da Cidade em protesto organizado pelo Núcleo Rosa Egípciaca Negros, Negras e Indígenas, com participação de cerca de 14 movimentos sociais e partidos políticos da capital mineira. Em São Paulo (SP), diversas pessoas estão reunidas no Vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp) para a realização da 17º Marcha da Consciência Negra. Os manifestantes protestaram em um Carrefour na Pamplona e atearam fogo na filial.
Na capital em que ocorreu o crime, Porto Alegre (RS), centenas estão protestando em frente ao Carrefour de Passo D`Areia desde às 17h, em solidariedade à “Beto”. No Rio de Janeiro (RJ) o ato ocorre desde às 16h no Carrefour da Barra. Em Fortaleza (CE) a manifestação teve início às 18h no Carrefour Aldeota. Em Campo Grande (MS), começou às 16h em frente ao Carrefour do Shopping CG. No Distrito Federal a manifestação ocorreu na Fundação Palmares e no Carrefour da 402 Sul no início desta tarde. Já em Curitiba (PR), o ato começou ainda há pouco em frente ao Carrefour Parolin.
Em Florianópolis (SC), uma marcha organizada pela Frente da Juventude Negra Anticapitalista (Frejuna) está agendada para amanhã (21/11) às 9h30min com concentração na Escadaria do Rosário.
O ano de 2020 foi marcado por diversos atos antirracistas pelo país. No início do ano, após o assassinato de George Floyd nos Estados Unidos, uma onda mundial de protestos que clamavam “Vidas Negras Importam” levavam às ruas a revolta contra a brutalidade do racismo em diversos países.
Em vídeo feito por uma testemunha fica explícita a brutalidade desmedida da qual lançam mão os seguranças de uma empresa terceirizada contratada pelo Carrefour. Após um conflito de “Beto”, como era chamado por amigos e familiares, com uma funcionária do mercado, os seguranças se utilizam de uma violência brutal. Espancaram com socos na cara o homem já imobilizado e sem condições de reagir. Uma trabalhadora do supermercado acompanhava o homicídio e ameaçou o sujeito que estava filmando, além de tentar justificar a reação dos seguranças. Um deles é Policial Militar.
Em nota, a rede de supermercado Carrefour afirmou que irá adotar “as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso’ […] Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão.” Afirma, ainda, lamentar o ocorrido e que dará suporte à família da vítima.
Não é a primeira vez que atos de extrema violência ocorrem em espaços de responsabilidade da empresa. Em agosto deste ano, um promotor de vendas do Carrefour havia falecido durante o expediente em uma unidade em Recife (PE). O corpo de Moisés foi apenas coberto com guarda-sóis para que a loja continuasse em funcionamento até a chegada do Instituto Médico Legal (IML). Em maio de 2019, a Justiça do Trabalho de São Paulo concedeu uma liminar solicitada pelo Sindicato dos Comerciários de Osasco e Região contra o Carrefour, porque a empresa estava controlando o uso dos banheiros pelos funcionários. Além disso, em 2018, um cachorro que estava no estacionamento de uma filial de Osasco foi envenenado e espancado por um funcionário da empresa.