No dia 30 de setembro os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram a taxa de desemprego em valor recorde. Na atual série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, a taxa de desemprego atingiu 13,8%, maior taxa vista nas medidas desde 2012.
Além disso, desde 2012 a taxa de participação na força de trabalho, que significa a porcentagem dos adultos que têm emprego ou está procurando ativamente flutuam entre 61% e 62%. Porém, Desde 2012, depois de janeiro de 2020 essa taxa passou a despencar, chegando a 54,7%, menor valor registrado desde então.
A taxa de desemprego que hoje vemos aumentar é o resultado da divisão entre o contingente total daqueles que estão procurando um trabalho mas não conseguem e a taxa de participação na força de trabalho. A taxa limita nossas análises com dados mais concretos sobre a realidade do trabalho no país, já que não considera os que não estão procurando trabalho.
Porém, os dados nos ajudam a ter algumas perspectivas sobre a situação do país. Em apenas um trimestre, 7 milhões de brasileiros perderam o emprego e em um ano o total de postos extintos supera os 11 milhões. Logo, a alta taxa do desemprego tem a ver também com esses dois dados, pois com a demanda por trabalho continua crescendo, o que falta são postos de trabalho.
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Vimos também nesse ano que em meio a pandemia mais da metade dos brasileiros estavam sem trabalho; o que nunca havia sido visto nos dados da Pnad Contínua. Ou seja: mais da metade da população com idade para trabalhar está desocupada.
Fazendo um quadro geral, aproximadamente 65,4 milhões de pessoas receberam o auxílio emergencial – sendo que mais de metade das famílias solicitaram auxílio e muitas ficaram de fora – e cerca de 61,7 hoje está sem emprego, trabalhando informalmente ou trabalhando menos do que o necessário para se manter.
Isso significa que a tendência é que o trabalho se reestruture daqui por diante, soma-se a isso a Reforma Administrativa, já que um desemprego tão grande faz com que os trabalhadores se disponham a aceitar trabalhos mais precários, com salários mais baixos, com maior chance de risco e piores condições de trabalho. Portanto, é o momento de olhar para os dados com cuidado, pois a esquerda não pode se furtar de debater a crise que assola a classe trabalhadora e propor uma saída econômica efetiva. Do contrário, o Brasil passará por reformas estruturantes sem que a esquerda nem perceba o processo.