Em um vídeo de pouco mais de dois minutos que denuncia o assassinato de Ordóñez, dois policiais golpeiam a vítima com teasers enquanto seguram-o com o peso de seus corpos — cena que tem sido comparada ao assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos.
Testemunhas gravavam a agressão e questionavam em vão a ação, enquanto Ordóñez suplicava que os policiais parassem. Após a chegada de mais alguns policiais, a vítima foi levada ao Comando de Ação Imediata (CAI) — como são chamados os postos de polícia na Colômbia — e só depois a um hospital, onde já chegou em estado grave e veio a falecer na manhã de quarta-feira.
Em sua defesa, a versão da polícia alegou que estava no local para atender uma denúncia anônima de aglomeração. Segundo a polícia, oito pessoas que estavam fazendo uso de bebidas alcoólicas na rua — proibido neste período de isolamento social na Colômbia — haviam iniciado uma briga, então a polícia utilizou-se de armas não letais. Ainda de acordo com esta versão, Ordóñez já encontrava-se em estado grave.
Em contrapartida, uma das testemunhas afirmou que Ordóñez e mais alguns amigos estavam bebendo em seu apartamento, tendo saído apenas para comprar mais bebida quando foram abordados pela polícia. A testemunha ainda afirma que quando chegaram ao CAI a vítima já estava inconsciente. Ao falar com o médico, este informou à testemunha que a morte fora provocada pelos golpes que sofreu nas mãos da polícia, entretanto, a informação ainda não foi confirmada pelos médicos legistas responsáveis pelo caso.
Os protestos
Nos últimos meses foram registrados 400 casos de violência policial na Colômbia, incluindo o caso de estupro coletivo de uma criança indígena que chocou o país e o assassinato de Dilan Cruz durante protestos estudantis de novembro de 2019.
A notícia do falecimento de Ordóñez elevou a revolta que tomava os ares da população. Diversas pessoas foram ao CAI onde Ordóñez fora levado logo antes de sua morte. Os manifestantes jogaram pedras contra o prédio e pintaram-o com tinta vermelha.
Os protestos se espalharam por Bogotá, capital do país, e por cidades vizinhas, como Soacha. Ruas foram tomadas e muitos postos do CAI foram atacados, além da destruição dos carros e motos de policiais. A polícia respondeu com violência e os embates levaram a 7 mortes e mais de 150 feridos.
Em coletiva de imprensa, o ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, ofereceu recompensas de até 50 milhões de pesos que conduzam a prisão dos autores de 5 das 7 mortes.
Nas redes sociais a declaração gerou revoltas e diversos vídeos têm sido compartilhados mostrando casos de violência policial contra os manifestantes.