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Opinião

Excepcionalidade das atividades pedagógicas na pandemia

"Como instituições de ensino, parece que estamos vivendo um drama similar ao de Gregor Samsa"

Ilustração: reprodução
21 de agosto, 2020 Atualizado: 11:27

Por que é tão indesejável admitir radicalmente a excepcionalidade na realização da atividade pedagógica em meio à pandemia?

por Carolina Picchetti Nascimento*, professora do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina para o UàE

O momento que vivemos é de excepcionalidade. Mas há que se considerar a excepcionalidade com responsabilidade. Sabemos que o momento que vivemos é de excepcionalidade. Mas precisamos manter moderação no seu tratamento. Claro, é um momento absolutamente de excepcionalidade. Mas a vida tem que seguir dentro da legalidade.

A quase banalidade do uso da palavra excepcionalidade, proclamada cotidianamente como “argumento” para se efetivar ações que, ao fim e ao cabo, visam reestabelecer o ordenamento (ou a sensação de ordem), tem intencionalmente ocultado o debate sobre quais são os conteúdos que de fato aceitamos chamar e tratar como “excepcionalidades” na realização da Atividade Pedagógica nesse contexto – objetivamente excepcional – de Pandemia. Basta anunciar uma proposta de ação que responda de forma verdadeiramente excepcional ao momento em que vivemos para que o critério da excepcionalidade seja, magicamente, transmutado para o critério da legalidade.