Professores de diversas universidades privadas têm sido lançados às filas do desemprego que assola o país. Empresários buscam transferir os prejuízos com a pandemia à professores e estudantes.
A Universidade Nove de Julho (Uninove) demitiu cerca de 500 docentes durante a pandemia. Mais de 300 deles via um comunicado digital no formato de pop up enquanto realizavam suas atividades.
Ao menos 200 professores foram demitidos da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul). E mais 74 docentes em unidades da Universidade São Judas Tadeu nas cidades de São Paulo, Santos e Guarulhos. A União Bandeirante Educação demitiu 40 docentes.
Outros 90 professores foram demitidos de instituições controladas pelo grupo Laureate – FMU, FIAM, FAAM e Anhebi-Morumbi. O grupo também fechou um polo de Educação à Distância ainda em maio com a demissão de 120 pessoas.
Apenas no estado de São Paulo mais de 800 professores foram demitidos nos últimos quatro meses. Demissões também têm ocorrido em universidades por todo o país. Em Curitiba professores foram demitidos das instituições: UniCuritiba, Universidade Positivo, Uninter, Unibrasil e PUC-PR.
As demissões marcam a política de corte de custos das universidades privadas, a qual se somam a redução de carga horária com redução salarial. Professores têm denunciado as demissões e o descaso das universidades com os trabalhadores.
A contraface do ataque aos docentes é também a precarização do ensino com a qual se encontram os estudantes. Movimentos pela diminuição do valor das mensalidades tem iniciado nas universidades, uma vez que o ensino presencial foi alterado para a modalidade à distância.
Os empresários têm respondido à isto ameaçando ainda mais demissões e tratando a reivindicação como “irresponsável”. É isto o que tem respondido o diretor-executivo de um dos principais organismos de atuação política dos empresários, o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp). Rodrigo Capelato tem afirmado ainda que às demissões ocorridas durante a pandemia foram uma “precaução”. Em entrevista à Folha ele afirmou:
As instituições queriam esperar o início do segundo semestre para ver quantos novos alunos ingressariam, quantos iriam trancar os cursos. Como não foi possível, elas fizeram demissões em larga escala, demitiram mais por precaução já que depois não teriam margem de manobra
Além disso a Semesp tem indicado que as demissões podem continuar e se acentuar no decorrer do ano. Eles avaliam que a inadimplência e a evasão, que já atingiu 265 mil alunos até agora, podem ainda aumentar. A posição patronal é evidente: demitir e arrochar os trabalhadores, buscar manter as mensalidades e transferências do fundo público. Professores e estudantes parecem não ter outra saída se não a luta coletiva.