Jornal socialista e independente

Opinião

Convite à intransigência absoluta a qualquer expressão do EaD

Devemos barrar o EaD sem apresentar qualquer alternativa conciliatória

Por Caio Sanchez, redação do Universidade à Esquerda
03 de julho, 2020 Atualizado: 20:57

“Los dolores que quedan son las libertades que faltan”

La juventud argentina de Córdoba a los hombres libres de Sudamérica, também conhecido como Manifiesto de Córdoba

As universidades públicas brasileiras atravessam um momento sensível no que tange a seu destino. Ao menos desde o início de 2019 evidenciou-se com mais vigor a relevância de seus princípios, quando o então Ministro da Educação, Abraham Weintraub, acusava ferozmente essa instituição de balbúrdia enquanto forçava a assimilação do “Future-se” chantageando por meio da base orçamentária das Instituições Federais de Ensino Superior (IFEs).

Ficou explícito que espaços minimamente autônomos de produção deveriam ser submetidos à lógica do atual Governo, cujas bases não têm escrúpulos para defender abertamente o que há de mais sórdido na produção de capital: a submissão sem excessão de toda a sociedade à produção de mercadorias. Ainda que a destruição das universidades públicas não tenha sido projeto iniciado com a eleição do atual chefe do executivo, nos últimos meses demonstram um tensionamento cada vez maior dos critérios de produção adotados rigorosamente em outras esferas para o  interior dessas instituições, cuja função específica, a crítica a tudo e à todos, ainda resiste em alguma medida à submissão a esses parâmetros.

Leia também:  Precisamos derrotar Bolsonaro!

Nem mesmo durante o momento dramático que atravessamos enquanto humanidade os capitalistas dão qualquer trégua. Na verdade, é o contrário. Enquanto o país assistia às primeiras centenas de mortes no país pela pandemia da Covid-19, ao início do colapso hospitalar em diversos estados e ao crescimento descomunal do desemprego, João Paulo Lemann regurgitava insensivelmente um otimismo macabro. “Todas as crises por que eu passei foram duras e eu sofri, não sabia como chegaria ao fim, mas alguma oportunidade apareceu”, afirmou em um evento do Fórum da Liberdade, organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais. Para sujeitos como ele, esse momento seria adequado para avançar oportunamente seus projetos educacionais.