Publicados na última sexta-feira (26), os dados do último trimestre de 2020 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-Contínua) concluem o ano marcado pela crise econômica e sanitária, apresentando as médias gerais de importantes dados sobre as condições de vida da classe trabalhadora brasileira.
Em média, a taxa de desemprego ficou em 13,5%, interrompendo uma série de baixas desde 2012. Essa taxa corresponde a cerca de 13,4 milhões de trabalhadores desempregados. No terceiro trimestre (de julho a setembro) a taxa chegou a 14,6%.
Além do desemprego, a informalidade também contribuiu para o quadro de incertezas em relação à própria subsistência. Aproximadamente 33,3 milhões (38,7%) de trabalhadores estavam na informalidade em 2020.
Esses dois dados, em conjunto, demonstram o quão precarizadas têm sido as condições de trabalho no Brasil. Não há vagas de emprego formal para todos — mesmo com as flexibilizações oriundas da reforma trabalhista do governo Temer —, o que empurra para a informalidade — que também não é capaz de absorver toda a força de trabalho disponível para trabalho. Com baixos salários e rendimentos incertos, o valor dos salários cai mesmo para quem tem “um bom currículo”.
Especialmente para a juventude, tal cenário tende a deixar marcas que não serão facilmente superadas. Em um levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as três primeiras faixas etárias que compõem a força de trabalho — adolescentes entre 15 e 19 anos, jovens de 20 a 24 anos e jovens adultos de 25 a 29 anos — foram os que mais sofreram com o desemprego no ano de 2020, com taxas de, respectivamente, 53,08, 30,68 e 20,49%.
A tendência é que, com pouca experiência formal para acrescentar nos currículos, os salários dessa juventude reduzam ainda mais. De acordo com o levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o salário mínimo de 2021 tem o menor poder de compra desde 2005.