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Opinião

O aspecto urbano da crise

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Tabela DIEESE Custo e variação cesta básica. Montagem UàE.
Tabela DIEESE Custo e variação cesta básica. Montagem UàE
Por Lara Albuquerque, redação do Universidade à Esquerda
29 de setembro, 2021 09:26

Cada vez mais a crise alcança diversos setores da classe trabalhadora, é certo que a pandemia fez agudizar a crise que já se encontra em curso há mais de uma década. A alta nos preços mês a mês, vem corroendo os salários dos trabalhadores e deteriorando as condições de vida. 

Na última nota à imprensa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) sobre a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, constatou-se que houve alta dos preços da cesta básica em 13 das 17 capitais investigadas no mês de agosto de 2020. As cestas mais caras foram as das cidades de Porto Alegre, seguida de Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro. Ao comparar os preços de agosto de 2020 e os deste ano, o preço subiu em todas as capitais em percentuais que vão de 11,90% (Recife) até 34,13% (Brasília). Considerando o piso do salário mínimo (R$1100), na média das 17 capitais, é necessário trabalhar 113h49m para comprar a cesta básica. Ou seja, em quatro semanas trabalhando em uma jornada de 40h e totalizando 160h no mês, sobram apenas 47h11m de trabalho remunerado para as demais despesas, ou um valor próximo a R$300,00. 

A alta no preço dos alimentos afeta diretamente a capacidade de consumo dos trabalhadores, consumindo a maior parte dos salários, restando pouco para os demais itens de consumo básico. Por um lado limita a possibilidade de acesso a outros itens da cesta e, por outro, compromete os salários futuros pela via do endividamento. Com o botijão de gás girando em torno de R$100, sobram as contas de luz, água, telefonia, farmácia e aluguel- para citar o mínimo. 

Conjuntamente, vivenciamos nos últimos anos – e em especial neste último, uma elevação nos preços dos aluguéis. O mercado imobiliário mobiliza um grande conjunto de capitais nas grandes cidades, e sua dinâmica também compromete grande parte dos salários (e das dívidas). Além de forçar o afastamento das áreas centrais das cidades por parte da classe trabalhadora, gerando assim o consumo da renda com transporte etc. A infraestrutura urbana é central no cotidiano dos trabalhadores que vivem nos centros urbanos, porém nessa área avançam as terceirizações e privatizações da distribuição de energia, das águas, do saneamento, da limpeza urbana, do cabeamento de internet e telefonia, do transporte etc, em suma, há um conflito de interesses entre público e privado que diz respeito à busca dos capitais por expansão da valorização.