Jornal socialista e independente

Notícia

Chile: Mauricio Fredes foi morto em função da repressão violenta do Estado chileno à luta dos trabalhadores

Foto: Homenagem a Mauricio Fredes, Praça da Dignidade, Santiago, Chile. 28/12/2019 por Primera Línea Prensa
Por José Braga, redação do Universidade à Esquerda
30 de dezembro, 2019 Atualizado: 19:59

Era a última sexta do ano de 2019. As sextas foram dias marcantes das manifestações que tomaram o Chile nos últimos 70 dias. A revolta tomava o corpo de todos. Mauricio e seus companheiros foram à Praça da Dignidade em Santiago derrubar as cercas que colocaram os carabineros para impedir os trabalhadores de se concentrar para os protestos naquele local que se tornou o símbolo da luta que irá criar no Chile uma sociedade digna para se viver. 

Os jatos de água com seu lixo tóxico atingiu a muitos. Bombas de gás voaram, queimaram o Cine Arte que tornou-se um centro de apoio. Os carabineros espumaram seu sadismo. Lado a lado, os trabalhadores aguentaram. Mauricio e seus companheiros retomaram a Praça da Dignidade. 

Mas, a repressão não cedeu. Ao fim do protesto foi necessário se proteger. Afinal, a luta não se acabou e era preciso guardar o corpo para continuar a luta. Ao fugir da repressão na rua escura, Mauricio tombou. O Estado matou mais um lutador. 

Ao fugir da repressão ao fim da manifestação da última sexta-feira, 27 de dezembro, Mauricio Fredes, conhecido com “Lambi” caiu num fosso eletrificado. As equipes de saúde correram a socorrê-lo com o apoio de muitos manifestantes. Tiveram que enfrentar a repressão dos carabineros, que atacaram o resgate. Mauricio foi retirado do fosso já sem vida. 

A frente fotográfica que acompanha às manifestações informou que Mauricio era trabalhador da construção civil, um “maestro yessero”. Vivia no bairro de La Pintana com sua avó, a qual cuidava. Mauricio era mais um trabalhador que estava na primeira linha da revolta que luta por uma mudança radical no Chile. 

A frente fotográfica publicou seus registros das homenagens a Mauricio e afirmou: 

Puede que a Mauricio no lo hayamos conocido, pero sabemos que probablemente se cruzó con miles de quienes semana tras semana continúan llenando las calles y resistiendo los embates del gobierno. Tenemos prohibido olvidar su nombre, así como no olvidaremos a #AbelAcuña, como tampoco olvidaremos que hay compañerxs muertxs, ciegxs, mutiladxs, torturadxs y encarceladxs por luchar por un futuro digno. #EstoNoHaTerminado

Memórias e Homenagem: os trabalhadores o cercaram de solidariedade

Os últimos dias foram marcados por homenagens à Mauricio em Santiago e muita solidariedade a sua família. Já no dia 28, um ato foi realizado e um memorial foi construído em cima do fosso que levou Mauricio. 

Foto: Memorial a Mauricio Fredes. 28/12/2019 por <a href=”https://www.instagram.com/primeralineaprensa/”>Primera Linea Prensa</a>

Os trabalhadores ainda enfrentaram os carabineros que sem nenhum respeito reprimiram o ato e tentaram destruir o memorial

Foto: Memorial a Mauricio Fredes, reconstruído após repressão dos carabineros. 28/12/2019 por <a href=”https://www.instagram.com/uinformado/”>@uinformado</a>

Não bastasse a violência que assassinou Mauricio, sua família denunciou que o Serviço Médico Legal (SML) não queria liberar seu corpo, alegando que estaria muito desfigurado. Centenas de pessoas atenderam o chamado de sua família e foram à frente do SML defender sua memória. Uma manifestação de milhares de ciclistas que ocorreu em Santiago passou pelo serviço em apoio e solidariedade a família de Maurício. 

Fotos: Protestos pela entrega do corpo de Mauricio. 29/12/2019 por <a href=”https://www.facebook.com/PrimeraLineaPrensa/”>Primera Linea Prensa</a>

Depois de muita pressão o corpo de Mauricio foi liberado, um velório e homenagens tiveram lugar em sua casa em Santiago. Novamente centenas de pessoas estiveram presentes para homenagear seu companheiro e denunciar o Estado assassino. 

A cantora chilena Ana Tijoux, esteve presente no velório e homenageou Mauricio e todos que seguem nas ruas lutando para construir um Chile digno para todos os trabalhadores.


Compartilhe a mídia independente