Jornal socialista e independente

Outros

Jorginho Mello institui semana da “escola sem partido” em Santa Catarina 

Diário Oficial de Santa Catarina, 08 de fevereiro de 2023
Diário Oficial de Santa Catarina, 08 de fevereiro de 2023
Por Maria Helena Vigo, redação do Universidade à Esquerda
16 de fevereiro, 2023 Atualizado: 20:53

No último dia 08 de fevereiro (quarta-feira), o governador Jorginho Mello instituiu a lei n°18.637, que altera a lei n°17.335 de 2017, inserindo o que seria uma “semana de combate à violência institucional contra as crianças e adolescentes nas datas e festividades do estado de Santa Catarina”. A inserção de tal semana no calendário estadual foi uma proposição da Deputada Estadual Ana Caroline Campagnolo e está prevista para ocorrer entre os dias 08 e 14 de agosto. 

A semana prevê a realização de atividades, palestras, debates e a fixação de cartazes nas escolas aos moldes do que propunha o projeto de lei da Escola Sem Partido. Os principais pontos da lei que institui a semana aborda um suposto direito de liberdade de aprender conteúdo politicamente neutro e livre de ideologia, ao mesmo tempo que trata do direito das crianças e adolescentes de receberem educação moral de acordo com as convicções de seus familiares. 

Tal lei, na verdade, passa longe de ter um caráter de neutralidade, pois fomenta a perseguição de professores e a prevalência de interesses privados às funções públicas da escola no processo educativo. 

Ainda, possui um caráter anticientífico, colocando como imposição que professores apresentem opiniões e teses correntes sobre determinadas temáticas, de forma a equipará-las com o conhecimento científico e os fatos da realidade. Deveria um professor apresentar o terraplanismo como parte do conteúdo escolar ou mesmo teses negacionistas sobre vacinas e a pandemia de covid-19?

A semana em questão promove justamente aquilo que ela anuncia como objeto de combate em seu título: uma imensa violência institucional. 

Isso sem contar as inúmeras formas de violência institucional com que a comunidade escolar já precisa conviver cotidianamente na rede de educação estadual, como a falta de vagas para os filhos das famílias trabalhadoras nas regiões mais populosas, precarização e intensificação do trabalho dos professores e o descaso na infraestrutura das escolas: obras incompletas, rede elétrica com problemas, falta de água e de ventilação adequada em alto verão, falta de serviço de limpeza e capina, entre outros inúmeros problemas. Alguns exemplos podem ser encontrados nas redes sociais da regional de São José do SINTE – SC, que está em campanha de denúncia do abandono das escolas.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina, SINTE – SC, se manifestou indicando que cobrou uma posição da Secretaria de Educação a respeito da lei e que irá lutar pela revogação da mesma.

Segundo noticiado pelo jornal NSC, o Centro de Controle de Constitucionalidade do Ministério Público de Santa Catarina (Ceccon) instaurou um procedimento para avaliar a constitucionalidade da lei.


Compartilhe a mídia independente